Opinião
Portugal na Era da “Energia Inteligente”
Discute-se actualmente de forma bastante activa a estratégia energética nacional, enfocando sobretudo a questão da oferta, i.e. quais as fontes e/ou tecnologias mais favoráveis para o país (o que levou ao recente reacender da discussão sobre a opção nuclear). No entanto, nem sempre se discute em Portugal o lado da procura, e como a redução do consumo e a eficiência energética podem adiar, ou mesmo evitar, alguns dos grandes investimentos já planeados no sector.
Esta tendência não é exclusiva do panorama nacional, tendo origem na incapacidade do actual sistema energético mundial controlar a variável da procura. Contudo, aproxima-se a Era da “Energia inteligente”, que através da incorporação dos ensinamentos e avanços registados nas últimas décadas nas tecnologias de informação e comunicação, promete ser uma das maiores revoluções da próxima década, adicionando inteligência à forma como a energia é distribuída, gerida e utilizada. O conceito de “Energia Inteligente” assenta em 3 pilares: rede, contador e casa. Estes são basilares para a concretização de alguns dos mais mediáticos empreendimentos energéticos da actualidade, tais como os veículos eléctricos ou as cidades inteligentes. A rede inteligente (smart grid) é uma rede de distribuição avançada, equipada com sensores de extracção de informação e com capacidade bidireccional, de entregar mas também de receber energia, que ligada ao contador inteligente (smart meter) permite a comunicação em tempo real entre a utility e o consumidor final. Este por sua vez, incorpora na sua casa inteligente (smart home) produção energética renovável (para consumo próprio ou venda), carrega veículos eléctricos e dispõe de informação instantânea sobre o consumo e custo associado aos seus aparelhos domésticos (energeticamente eficientes), controlando-os de forma centralizada através de dispositivos fixos ou móveis.
Através de tecnologia avançada, estes pilares potenciam de forma individual e integrada, vários benefícios a todos os stakeholders do sistema energético. A rede inteligente viabiliza a integração eficaz da microgeração, permitindo também a monitorização, controlo e resposta instantânea, de forma a evitar ou mitigar falhas e interrupções no sistema. O contador inteligente potencia a redução dos encargos com a factura energética através da disponibilização de pricing dinâmico variável segundo a hora do dia, assim como a melhoria da performance na cobrança, com uma facturação exacta meter-to-cash (acabando com os ajustamentos posteriores habituais). A casa inteligente potencia a redução do consumo, estando programada para actuar automaticamente em benefício do consumidor, sendo proactiva na identificação de problemas ou oportunidades de melhoria, e apoiando o consumidor numa tomada de decisão racional e informada. Por todo o mundo, as Utilities iniciaram já no princípio da década os seus programas de “Energia Inteligente” e a própria União Europeia, através do 3º Pacote Energético (2009), decretou que até 2020 cerca de 80% dos seus consumidores deverão ter acesso a um sistema de contagem inteligente. Neste sentido, embora Portugal esteja atrasado face a países como a Itália (pioneiro europeu na implementação) e Suécia (com 100% de penetração), o projecto nacional das Redes Inteligentes (InovGrid), integrando a Estratégia Nacional da Energia (ENE 2020) no seu eixo que promove a eficiência energética, procura ir um passo além, implementando os contadores e a rede inteligente em simultâneo, e almejando a sua integração em cidades inteligentes (foi anunciado em Abril o piloto da 1ª cidade inteligente nacional, em Évora - InovCity). Estes projectos são uma transformação a longo prazo, nunca inferior a dez anos, pelo que parte integrante do sucesso dos mesmos passa não só por uma implementação técnica bem sucedida, mas também pela mudança de comportamentos e atitudes dos consumidores finais.
É assim fundamental que a discussão pública seja promovida e alimentada e que o último pilar, a casa inteligente, que constitui o elo do consumidor ao sistema, não seja negligenciado, procurando tornar a relação entre estes e as utilities cada vez mais dinâmica e transparente, porque só assim o sector energético nacional poderá entrar em definitivo na nova Era.
Consultor
Capgemini Consulting
Através de tecnologia avançada, estes pilares potenciam de forma individual e integrada, vários benefícios a todos os stakeholders do sistema energético. A rede inteligente viabiliza a integração eficaz da microgeração, permitindo também a monitorização, controlo e resposta instantânea, de forma a evitar ou mitigar falhas e interrupções no sistema. O contador inteligente potencia a redução dos encargos com a factura energética através da disponibilização de pricing dinâmico variável segundo a hora do dia, assim como a melhoria da performance na cobrança, com uma facturação exacta meter-to-cash (acabando com os ajustamentos posteriores habituais). A casa inteligente potencia a redução do consumo, estando programada para actuar automaticamente em benefício do consumidor, sendo proactiva na identificação de problemas ou oportunidades de melhoria, e apoiando o consumidor numa tomada de decisão racional e informada. Por todo o mundo, as Utilities iniciaram já no princípio da década os seus programas de “Energia Inteligente” e a própria União Europeia, através do 3º Pacote Energético (2009), decretou que até 2020 cerca de 80% dos seus consumidores deverão ter acesso a um sistema de contagem inteligente. Neste sentido, embora Portugal esteja atrasado face a países como a Itália (pioneiro europeu na implementação) e Suécia (com 100% de penetração), o projecto nacional das Redes Inteligentes (InovGrid), integrando a Estratégia Nacional da Energia (ENE 2020) no seu eixo que promove a eficiência energética, procura ir um passo além, implementando os contadores e a rede inteligente em simultâneo, e almejando a sua integração em cidades inteligentes (foi anunciado em Abril o piloto da 1ª cidade inteligente nacional, em Évora - InovCity). Estes projectos são uma transformação a longo prazo, nunca inferior a dez anos, pelo que parte integrante do sucesso dos mesmos passa não só por uma implementação técnica bem sucedida, mas também pela mudança de comportamentos e atitudes dos consumidores finais.
Consultor
Capgemini Consulting
Mais artigos do Autor
Portugal na Era da “Energia Inteligente”
19.07.2010