Opinião
Pobres mas honrados?
Segundo um estudo da agência Habitat da ONU, dois em cada 10 portugueses estão no limiar da pobreza.
É uma percentagem assustadora.
Se a isso aliarmos a ideia que metade da população mundial viverá em cidades em 2030, a única imagem que poderemos ter do futuro é algo semelhante a «Blade Runner».
Os pobres, a que hoje damos o simpático nome de excluídos para que os incluídos durmam sem remorsos, são os reféns da sociedade que se está a construir para o futuro próximo.
Onde Bin Laden e os «realityshows» andam de braço dado. A revolução industrial criou cidades onde as pessoas passaram a viver só de salários, sem as chamadas hortas que completavam o seu rendimento. Quando perdem o emprego não têm outra forma de subsistência.
Olhe-se apenas, friamente, para a Lisboa de betão e os seus subúrbios. Nas cidades os nomes foram substituídos pelos números. Somos todos códigos de barras. Consumidores ou consumidos. O problema é, no entanto, real. Num país onde ser «light» é o máximo como é que se pode resolver questões «hard» como a pobreza?