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17 de Janeiro de 2012 às 23:30

Pastéis de nata, Inc.

Desde há muitas décadas que reina em Portugal a política do pastel de nata.

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Desde há muitas décadas que reina em Portugal a política do pastel de nata. Ficamos reféns do doce e esquecemos o amargo do custo. A sociedade moldou-se à consistência da nata, ou seja à vontade dos líderes e às necessidades do momento.

Para Álvaro Santos Pereira seria bom que a política do pastel de nata substituísse uma dolorosa concertação social onde, em tempos de crise, há dor para distribuir sem açúcar e canela. Quando, há uns dias, o ministro invocou o pastel de nata como exemplo do nosso "know-how" que é necessário aproveitar no mundo global trocou, no entanto, os ingredientes. O pastel de nata é uma invenção portuguesa mas a Kentucky Fried Chicken já o vende na China ou em Paris, depois de ter adquirido o "know-how" a um escocês que o fabricava em Macau.

O frango no churrasco é, há anos (tal como o pastel de nata), um trunfo da cadeia sul-africana Nando’s (que tem um português como alma). A bifana ainda não é global mas um dia alguém a comercializará como fast-food. Ou seja: a questão não é de exportarmos um produto criado em Portugal. Álvaro Santos Pereira erra no alvo, mas é um erro bondoso e infantil.

O problema não é aproveitar invenções e produtos nacionais mas sim criar marcas. Que tenham produto. E não produtos que não tenham marca. Portugal só se concretizará com um novo paradigma económico. Até porque, de outra forma, será impossível explicar porque estamos no euro se ele não traz prosperidade mas sim austeridade sem fim, desemprego galopante e impostos estratosféricos. Face a isso não há política de pastel de nata que adoce a boca dos portugueses.

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