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18 de Dezembro de 2006 às 13:59

OTA à toa até 2030

Megaprojectos trazem intransparências, derrapagens e mega-falhanços. Os Tribunais de Contas da Suécia, Inglaterra, etc., assim o mostram. Já contei como os aeroportos de Malmo e Gotemburgo, o terminal dois do Rio e o quatro de Estocolmo estão às moscas.

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Para manter lucro, aumentaram as taxas e os "low-cost".

Já disse que o Alta-Velocidade Alfa em países periféricos dá lucro e usa a indústria local; faz até 220 km/h, média de 160 com paragens a cada 80 km. O TGV usa base, carris e carruagem que raras indústrias alemãs e francesas fazem. Custa dez vezes mais, e pela longa frenagem só pararia três vezes até Madrid. A RAVE recebe mil milhões por ano de subsídios pagos pelos que dela não desfrutam; e também a cara linha entre Enchede, na Holanda, e a fronteira alemã.

A OTA vai ficar à toa. Chefes já usam o skype e telerreuniões. Para curtas distâncias usarão carro, médias Alfa. É assim na Europa. A segurança torna as viagens de avião complexas para as famílias, pois os miúdos querem ter à mão os brinquedos e o portátil.

As estimativas da OTA são sonhos. Ignoram o minucioso trabalho liderado pelo Prof. Ernâni Lopes sobre futuros turistas e as previsões de operadores. Nada indica 25 milhões para Lisboa. Para as empresas regulares, quanto maior o aeroporto, melhor. Ignoram que, ao reduzir a taxa para horários off-peak, os actuais terminais são melhor usados mais cedo e à tarde pelas "low-cost" que com elas concorrem. Pois as pistas de Portela são suficientes até 2050, mas faltam mangas para o rápido acesso aos aviões.

Há tempos vimos a média de passageiros por voo subir de 97 para 143 e novas aeronaves na Europa já levam 180. Com a mesma infra-estrutura, racionais aeroportos agilizam controlo de passaporte e saída de bagagem para aumentar o fluxo de pessoas na mesma área. E variam taxas para atrair poisos off-peak.

Por exemplo, em Faro, em Outubro, enquanto na melhor hora passaram 1850 pax, às 07h, 14h e 22h passaram 450-490. Ao fim-de-semana recebeu o triplo de voos, com 8200 pax na 3ª e 28 mil no sábado. O aumento de voos veio de Liverpool, Rotterdam e Palma, tudo "low-cost". Faro bem gerido pode receber oito milhões por ano. Portela bem gerida, outros 18 e Porto mais sete. O grande aumento de turistas será no Funchal, nos Açores e no Porto. Lisboa deve usar melhor os 7 km da pista de Montijo e lá fazer terminais para "low-cost" e carga. Se a plataforma logística vai para o Montijo, é lógico ter carga aérea na Portela? Falta o metro Oriente-Portela-Montijo e Alfa no Montijo-Santarém.

Gigaempresas alemãs, inglesas e espanholas fazem lóbi em Bruxelas pela OTA. Empreiteiras pseudolocais, cientes da crise imobiliária que já começou na Flórida e se alastrará pela Europa, querem megaprojectos. Mas o utente e contribuinte que paga tais sonhos quer o Montijo para as "low-cost" e mangas na Portela.

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