Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião

Os homens de negro

Durante anos foram os dirigentes desportivos que fomentaram a arbitragem tal e qual hoje é.

  • 1
  • ...
Durante anos foram os dirigentes desportivos que fomentaram a arbitragem tal e qual hoje é. Quem tiver memória lembrar-se-á dos almoços no Canal Caveira, dos carros, viagens e casas mobiladas que aconchegavam alguns homens do apito. Via-se depois arbitragens feitas por homens vestidos de negro que se arrastavam nos campos e que apitavam segundo os humores de quem estava no banco de suplentes

Entre nós, os árbitros são vistos como um símbolo de magia negra e ocultismo. Antigamente até vestiam sempre de negro. Hoje, com as novas tendências Primavera/Verão que todas as épocas invadem as blusas dos jogadores, equipam com uma cor qualquer. Mas não deixam de ser homens de negro. Há quem diga que a sua missão no futebol português é semelhante à dos membros da agência estatal norte-americana que surgia no filme "Men in Black": pretendem monitorizar a actividade de extraterrestres. Se, no futebol indígena, há muitos extraterrestres que são afáveis, alguns são perigosos. Não admira que os homens de negro sejam alvo constante e fácil de toda a tribo do futebol. São, aparentemente, o elo mais fraco da cadeia alimentar do futebol. Onde se sentam à mesa dirigentes, empresários, jogadores e assessores de todo o tipo.


Durante anos foram os dirigentes desportivos que fomentaram a arbitragem tal e qual hoje é. Quem tiver memória lembrar-se-á dos almoços no Canal Caveira, dos carros, viagens e casas mobiladas que aconchegavam alguns homens do apito. Via-se depois arbitragens feitas por homens vestidos de negro que se arrastavam nos campos e que apitavam segundo os humores de quem estava no banco de suplentes. Outros recordam as coisas que dirigentes e seus assessores diziam aos árbitros nos balneários e que eram capazes de fazer corar Don Juan. Os dirigentes esqueceram que criaram a arbitragem como ela é hoje: sempre disposta a favorecer os principais clubes (Benfica, FC Porto e Sporting, e ocasionalmente alguns convenientes como outrora foi o Boavista ou é hoje o Braga). No cômputo geral qualquer destes clubes sempre ganhou mais do que perdeu com a competência (ou incompetência) dos árbitros.

É por isso que é fascinante assistir aos pedidos de irradiação do sr. Bruno Paixão feitos pelos dirigentes do Sporting, com o precioso auxílio das palavras do sr. Pinto da Costa. Isto enquanto o sr. Luís Filipe Vieira pedia que o sr. Proença nunca mais arbitrasse um jogo do Benfica. Os árbitros têm culpas, e muitas. Mas são apenas a desculpa mais fácil de dirigentes que têm de vencer a todo o custo e que nunca reconhecerão quando são beneficiados pelos senhores do apito. O sr. Bruno Paixão é um erro óbvio de "casting", mas a sua chegada à elite nacional (e até a árbitro internacional, onde vale a pena estar...) tem a ver com os diferentes lóbis de interesses que apenas se preocupam com o controlo dos árbitros. E não com ter juízes isentos e que façam uso da regra do bom senso. O sr. Bruno Paixão é uma obra deste sistema onde os árbitros podem ser úteis de todas as maneiras, até como desculpa da incapacidade dos treinadores e equipas ganharem.

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio