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Opinião
08 de Abril de 2011 às 11:44

Orgulhosamente S.O.S.

Pronto. Acabou. Lutámos, esperneámos mas ficámos ainda mais presos na teia.

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Foi uma luta em vão. Foi um prolongar da agonia. Faz lembrar a história da contorcionista que foi ao dentista porque tinha dores horríveis e o médico, em vez de arrancar o dente, ficou a aplaudir enquanto ela se contorcia com dores - Ai o meu siso! - dizia a doente. - Venham cá ver isto! Espectacular, duas pernas atrás da cabeça! - exclamava o dentista.

Acabou o crédito para Portugal. O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, foi ao mercado e, em troca da nossa dívida, apenas conseguiu pastilhas Gorila. Ponto final. Vem lá uma intervenção externa.

Os capacetes cinzentos do FMI vão aterrar a qualquer momento. Acabou a balda. O dinheiro vai ser santificado e gastar é blasfémia. Os números vão voltar a ser números. As casas decimais deixam de depender das agências de comunicação e passam a ter de fazer um raio-x aos zeros, uma vez por mês. Acho bem.

Eu quero voltar a acreditar na segurança dos números. Mesmo que sejam primos. Não quero um défice que me diz que é abaixo de sete mas, afinal, lá fora todos sabem que é 8,3. Para muitos, é uma chatice quando os números insistem em ser números e não nos deixam fazer os números que nós gostaríamos.

Correu tudo muito mal. Saltámos muros, chocámos contra urtigas e fomos mordidos por cães e viemos dar ao mesmo sítio que os outros. O sacrifício a que o Governo sujeitou os portugueses foi como aquelas senhoras que comem um pastel de nata, dois brigadeiros e um mil folhas e, no fim, pedem Canderel para pôr na bica. O Teixeira dos Santos é a pessoa indicada para perguntar: "achas que estou mais gorda?".

Vamos entrar numa nova era. Uma nova era que é parecida com uma era relativamente recente. Por isso, convêm que as pessoas percebam qual a situação política do País. As eleições não são a 5 de Junho. As eleições foram na passada quarta-feira.

Há muita confusão e os políticos não ajudam. Ainda há dias, vi Paulo Portas dizer: "se eu fosse o primeiro-ministro." Assim não vale. Temos que partir de um mínimo de realidade. É preciso que os portugueses percebam que Passos Coelho ainda não é o primeiro-ministro. Se ele quiser mexer no IVA leva uma palmada na mão porque não se mexe no que não é nosso. Neste momento, temos um governo de gestão e chega perfeitamente. Este governo de gestão já fez mais que o governo anterior. Este primeiro-ministro demissionário mostrou que é bem mais realista que o Sócrates que lá estava. Até ver, estou a gostar deste governo de gestão (Santos Silva ainda é ministro, mas já ninguém tem de lhe bater a pala!). Estamos melhor do que estávamos e do que vamos estar…

Mas é preciso é acreditar e não desesperar. Lembrem-se que o FMI já cá esteve há vinte e tal anos e que ainda assim ; em duas dezenas de anos; houve muitos políticos que fizeram fortuna. E, acima de tudo , não desesperem, porque no Pingo Doce o défice fica em 6,8%. e o FMI fica à porta, como os cães. Eu já mudei de casa. Vivo na secção dos enchidos do Pingo Doce. Tenho uma família que cheira a paio e vivo com zero de preocupações.



Livro da semana


Biografia: "Passos Coelho, Um Homem Invulgar", de Felícia Cabrita.


"Um homem que vive num apartamento de Massamá, sem luxos, e no qual cuida das 'obrigações domésticas', antes da chegada da esposa… e goza da fidelidade canina das caniches, que o escutam como 'se nenhuma das suas palavras fosse desperdício'."


"Um Homem Invulgar" não é uma biografia de leitura fácil. Podemos dizer que o livro provoca algum desconforto ao leitor. Ao ler a biografia de Passos Coelho, escrita per Felícia Cabrita, o leitor sente que está ali a mais e que eles querem ficar sozinhos. A obra ajuda a esclarecer a personalidade ainda desconhecida do líder do PSD. No fim dos 15 capítulos cheguei à conclusão que Passos Coelho não é para uma aventura de uma noite, é para casar. O título do livro - "Um homem invulgar" - é estranho; pela leitura não se chega lá. Sinto que faz falta o subtítulo - "Em Massamá" - Depois de "Passos Coelho, Um Homem Invulgar", a próxima obra da Felícia Cabrita vai ser a biografia de Carlos Castro, intitulada: "Um Machão Vulgar".

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