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18 de Abril de 2008 às 13:59

O que pensam os empresários da Estratégia de Lisboa?

Na mais recente reunião do Conselho Europeu realizada em Bruxelas a “Reinvenção Operativa” da Estratégia de Lisboa ganhou contornos de actualidade no contexto de uma Presidência Eslovena que tem tentado colocar a tónica central do seu consulado nas estrat

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A necessidade de, olhando para trás, para a realidade do que foi feito, formular novas pistas de actuação. Consolidar os bons resultados, desenvolver novas soluções para o que correu menos bem. Mas a questão persiste. Estará a Sociedade Civil alinhada com a Estratégia de Lisboa? O que pensam, por exemplo, os Empresários deste dito desígnio fundamental para a Europa?

A “ideia” do desígnio formulado em Março de 2000 em Lisboa é essencial para o futuro da União Europeia. Marca o ritmo da ambição de quem quer subir de forma clara no difícil “ranking” da competitividade, inovação e qualificação, as novas bandeiras da liderança no Mundo. Fazer do Conhecimento a matriz estratégica de uma Plataforma Secular que se quer reencontrar nas fronteiras da Modernidade é a única aposta possível para a Europa a vinte e sete. De onde a oportunidade de fazer da revisão da “Estratégia de Lisboa” aprovada há mais de quatro anos o acto adequado da crença no futuro.

Um Operador de Modernidade

São mais do que correctas as pistas constantes do posicionamento da nova “Estratégia de Lisboa”, em fase de implantação. Ou seja:

– A estratégia decidida em Lisboa em 2000 continua a ser fundamentalmente relevante;

– Alcançar um crescimento mais forte do PIB e da produtividade e aumentar o emprego são pré-requisitos para o sucesso. Estes objectivos não são incompatíveis, antes se reforçam mutuamente.

– Os actores da Sociedade Civil têm de agarrar a oportunidade e fazer da sua capacidade de implementação o instrumento efectivo de operacionalização dos objectivos pretendidos com a “Estratégia”. Neste campo, destaque especial para as Empresas enquanto actores centrais na criação de riqueza e geração de valor;

O diagnóstico é claro. Não há outro caminho a seguir. Contudo, importa ser muito objectivo quanto aos resultados alcançados e repensar, quando necessário, a estratégia e os instrumentos utilizados. Nesta matéria, a análise atenta do que se tem passado na maior parte da União Europeia suscita conclusões muito claras:

– O modelo de criação de valor na maior parte dos sectores económicos na União Europeia continua a enfermar da falta de “leitura” estratégica dos novos “drivers” do crescimento – a “mecânica” de Porter e de outros discípulos da competitividade ainda não está suficientemente internalizada na prática da maior parte das empresas que a montante (utilização de recursos) e jusante (integração nos circuitos comerciais internacionais) patenteiam ainda falhas estruturais incompreensíveis;

– A dimensão social do paradigma europeu está esgotada. Novos desafios exigem soluções pragmáticas e claramente que a integração social e fomento da empregabilidade, próprios de uma sociedade justa e equilibrada, têm de assentar na sustentabilidade do mercado económico e não (apenas) em dinâmicas artificiais de política pública meramente conjunturais. A justiça social potenciada pelo emprego tem de assentar na capacidade de os actores sociais criarem aquilo que recebem, para que o sistema funcione de forma sustentada;

- A aposta na Inovação Tecnológica tem de ser lida a partir do mercado e da fase final da Cadeia de Valor. Criar novos produtos e serviços, melhorar processos, qualificar a utilização dos circuitos internacionais, dando-lhes dimensão e escala é o caminho exigido por quem procura. Continua a haver uma utilização inadequada de recursos e esforço em I&D a partir da Oferta, quando o pragmatismo da Economia Global o que exige é respostas claras, atempadas e marcadas pela criatividade.

- A relação dos Cidadãos com o Estado tem de uma vez por todas de ser clara, transparente e eficaz. Numa sociedade sem tempo, exigem-se respostas rápidas, simples e sobretudo potenciadoras do “valor” mais importante que é a noção da qualidade de vida no exercício do direito da cidadania. Por isso, importa qualificar e sustentar essa relação, cabendo ao Estado o papel central de criação das condições de salvaguarda dessa relação.

Prioridade à Execução

Há por isso ainda um longo caminho a percorrer. Mantém-se a oportunidade do desígnio, a validade da “Ideia”. Não há claramente outra alternativa. Como também não há modelos únicos. Os sucessos irlandês e finlandês, tão “marketizados” a nível internacional, têm as suas valências endógenas que devem ser percebidas e internalizadas, mas há também de fazer assentar a riqueza do modelo global de inovação e crescimento da União Europeia no “commitment” económica e socialmente possível entre as diversidades dos diferentes países.

A capacidade de os actores da sociedade civil europeia protagonizarem uma atitude empreendedora na Economia Global é a chave da diferença. Na estratégia de afirmação das Cidades como espaços Dinâmicos de Criatividade, Competitividade e Coesão, na inteligência da articulação estratégia ente Empresas e Centros de Saber na procura de novas soluções para o mercado, estará a capacidade da União Europeia de mostrar que sabe o que quer. De ser respeitada pelos que estão na vanguarda e pelos que querem ter a sua oportunidade.

A prioridade está claramente na execução. Importa agora, mais do que nunca, criar as condições de efectiva implantação em cada um dos países dos objectivos propostos e sobretudo dar aos diferentes protagonistas da sociedade civil (Empresas, Universidades, Centros de Inovação) as condições práticas de efectiva operacionalização das suas diferentes acções. Não se pode correr o risco de fazer da “estratégia” uma mera bandeira política e de não conseguir que os cidadãos, seus beneficiários e protagonistas, a não “agarrem”, limitando dessa forma o desiderato global que se pretende para esta nova União Europeia.

A União Europeia não pode fugir ao desafio. A mensagem da Competitividade está mais do que nunca presente. É essencial reforçar níveis de cooperação, articular estratégias de actuação, partilhar apostas de criação de valor. É preciso dar ao conhecimento o seu papel central. Há um tempo novo para a “Estratégia de Lisboa”. Um desafio global de todos os que ainda acreditam numa Europa para o futuro. Uma oportunidade, única e decisiva, de construir uma Rede Global que faça do mais velho continente o admirável mundo novo onde vale a pena viver. Por isso, importa saber o que os empresários pensam e o que querem para o futuro da Estratégia de Lisboa.

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