Opinião
O ocaso do sr. Jesus
Quando há quase uma década o sr. Luís Filipe Vieira chegou ao poder no Benfica, propôs o regresso da velha glória encarnada.
Em 1980, o saudoso sr. Jimmy Hagan, então treinador do Vitória de Setúbal, dizia: "Eu não deveria estar aborrecido por ter perdido com o Benfica. Afinal eles têm os melhores jogadores, os melhores árbitros e os melhores fiscais de linha". O sr. Hagan sabia do que falava: tinha sido durante alguns anos treinador do Benfica. Com o tempo esta hegemonia esbateu-se e o poder futebolístico rumou até ao Porto. O Benfica deixou de ter os melhores árbitros e os melhores fiscais de linha e também os melhores jogadores. Basta recordar a equipa criada pelo sr. Artur Jorge, depois de ter destruído a que no ano anterior fora campeã, composta de gloriosas insignificâncias.
Quando há quase uma década o sr. Luís Filipe Vieira chegou ao poder no Benfica, propôs o regresso da velha glória encarnada. Dois títulos nacionais são o fruto deste novo ciclo. Mas, para os benfiquistas, é pouco. Porque continuam a ver a solidez do FC Porto que só em determinados momentos abana. Abanou no primeiro ano da era do sr. Jorge Jesus na Luz e abanou este ano. Mas no primeiro ano o sr. Jesus ganhou o campeonato. Este ano, a menos que aconteça um milagre, o Benfica perderá contra um dos mais cinzentos FC Porto de que há memória nas últimas décadas. A equipa do sr. Vítor Pereira não convence ninguém. E isso é suficiente para que os benfiquistas não percebam como o sr. Jesus deixou perder este campeonato.
É simples: o Benfica tem os melhores jogadores, mas não tem a força psicológica que define as grandes equipas vencedoras. Depois do jogo de São Petersburgo, contra o Zenit, o Benfica tornou-se uma sombra da águia que queria ser. Perdeu pontos infantis, ostenta um poder físico de um aprendiz de atleta, mostrou definitivamente que o sr. Jesus não convive com os momentos decisivos onde a pressão é demolidora. A ginástica mental do sr. Jesus é quase inexistente: quando é preciso mudar fica preso aos seus fantasmas. Percebia-se isso no seu incongruente discurso nas conferências de imprensa, onde as palavras chocam umas contra as outras sem sentido, mas julgou-se que isso era apenas um problema lateral. Quando foge aos modelos que criou, o sr. Jesus emperra. E deixa de ser motivante. Quando uma equipa não está motivada psicologicamente, o descalabro físico passa a ser mais evidente.
Se o Benfica não ganhar, este ano, o campeonato, o sr. Jesus resistirá? É duvidoso, especialmente num ano de eleições em que o sr. Luís Filipe Vieira tem de chegar com dois trunfos: um negócio sonante para os direitos de transmissão televisiva e a convicção de que para o ano o Benfica ganhará tudo. Depois do que teve ao dispor esta temporada, em termos de plantel, o sr. Jesus será o treinador certo para este novo desafio do sr. Vieira? É duvidoso. Se perder o campeonato, o sr. Vieira terá de mostrar que ainda tem uma última alquimia no bolso que transforma chumbo em ouro.
Quando há quase uma década o sr. Luís Filipe Vieira chegou ao poder no Benfica, propôs o regresso da velha glória encarnada. Dois títulos nacionais são o fruto deste novo ciclo. Mas, para os benfiquistas, é pouco. Porque continuam a ver a solidez do FC Porto que só em determinados momentos abana. Abanou no primeiro ano da era do sr. Jorge Jesus na Luz e abanou este ano. Mas no primeiro ano o sr. Jesus ganhou o campeonato. Este ano, a menos que aconteça um milagre, o Benfica perderá contra um dos mais cinzentos FC Porto de que há memória nas últimas décadas. A equipa do sr. Vítor Pereira não convence ninguém. E isso é suficiente para que os benfiquistas não percebam como o sr. Jesus deixou perder este campeonato.
Se o Benfica não ganhar, este ano, o campeonato, o sr. Jesus resistirá? É duvidoso, especialmente num ano de eleições em que o sr. Luís Filipe Vieira tem de chegar com dois trunfos: um negócio sonante para os direitos de transmissão televisiva e a convicção de que para o ano o Benfica ganhará tudo. Depois do que teve ao dispor esta temporada, em termos de plantel, o sr. Jesus será o treinador certo para este novo desafio do sr. Vieira? É duvidoso. Se perder o campeonato, o sr. Vieira terá de mostrar que ainda tem uma última alquimia no bolso que transforma chumbo em ouro.
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