Há uns meses, numa conversa com Alex Ferguson (o treinador do Manchester United), Alastair Campbell, que foi um dos principais assessores de Tony Blair, dizia: "A grande diferença na política é que nunca consegues correr com eles da equipa. Se um futebolista se vai embora, muda para outra equipa. Um primeiro-ministro pode demitir um ministro, mas ele continua a andar por aí".

O futebol é um excelente mundo para se perceber a política em Portugal, e não apenas devido ao namoro ostensivo entre políticos, clubes e construtores civis. O futebol é o hamburger preferido dos portugueses.

O regresso da I Liga explicou isso: imagina-se hoje 55 mil eleitores em delírio num comício partidário como estiveram no Estádio da Luz? Alguém acredita na redenção de algo (da economia, da honestidade política, por exemplo) da mesma forma como um adepto acredita na redenção de um clube? O futebol une os portugueses na sua desunião clubística enquanto a política os desune e desmoraliza.

As empresas poderão ficar anémicas. O Estado poderá ficar insolvente. Benfica, Sporting ou FC Porto nunca irão à falência. Ninguém acredita que do plantel do PS ou do PSD saia um político que salve o défice do Estado e o desemprego.

Todos os adeptos acreditam que do banco de suplentes salte um salvador que marque o golo da vitória. Os políticos, em Portugal, gostam de se colar ao futebol mas poucos parecem aprender com ele. O futebol regressou e, durante dois dias, a política e a crise passaram ao lado dos portugueses.