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O futebol biodegradável

No futebol português chega-se à conclusão que um adepto deve temer mais as claques das suas equipas do que os golos do adversário. Se dúvidas houvessem, elas dissiparam-se no passado fim de semana: uma festa do futebol tornou-se num encontro de...

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No futebol português chega-se à conclusão que um adepto deve temer mais as claques das suas equipas do que os golos do adversário. Se dúvidas houvessem, elas dissiparam-se no passado fim de semana: uma festa do futebol tornou-se num encontro de selvagens. Mas, aparentemente, não se passou nada. O presidente da FPF disse umas palavras típicas e patéticas sobre o caso. O secretário de Estado do Desporto ou disse pouco ou não se ouviu. O ministro da Administração Interna deveria estar a estudar o PEC e portanto não viu o que se passou. As televisões entrevistaram uns desordeiros como se nada de grave se tivesse passado. Houve umas detenções, mas tudo continuou em paz podre. No futebol não se toca: em Portugal, a ele, tudo se imola, até a democracia e a justiça. O seu mau odor já nem se disfarça com perfume. As claques organizadas, criadas à sombra do desejo de poder dos dirigentes, transformaram-se em "gangs". E o Estado assobia para o ar. Portugal é, julga-se, um País. O futebol português, sabe-se, é um principado. Age como um Estado soberano. E é: tem um orçamento próprio, que mesmo com défices absurdos, não precisa de PEC; tem as claques como exército; tem leis que o isentam da justiça democrática. E, face a isto, a classe política não vê, não ouve e não fala. Talvez não seja por acaso. Este futebol das claques e do silêncio governativo é o assador onde se grelha o resto da democracia portuguesa.

Não foi por causa disso que o sr. Hermínio Loureiro se demitiu. Foi simplesmente porque a decisão do CJ da FPF sobre o sr. Hulk abriu a esperada época de caça à presidência da FPF. Para onde já avançou, ao colo dos inevitáveis clubes da Liga de Honra (que servem, normalmente, de lebres de todos estes processos), o sr. Fernando Gomes que, durante anos, geriu as finanças do FC Porto. Há uns meses demitiu-se desse cargo, porque aparentemente discordou das trapalhadas que rodearam a ex-contratação do sr. Kléber e do custo da contratação do sr. Ruben Micael. Ficou-se, na altura, com a sensação de que a gestão onde predomina hoje em dia o sr. Adelino Caldeira (com sobejas provas de um discernimento único na contratação de craques que seriam bons para o Aliados de Moncorvo e para os Casados de Tortosendo) tinha ali um crítico. Talvez tivesse. E também talvez na altura ninguém tivesse pensado nele como o homem providencial para que o FC Porto (com o seu pau de cabeleira nestes momentos, o Sporting) regressasse ao comando da Liga. Mas é ele que surge como o homem que simboliza o regresso dos velhos zombies à Liga. Poderá até não o ser, mas não se acredita que a nova direcção da LPF consiga ser imune a vinganças. Como é típico no futebol indígena.
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