Opinião
O estado do tempo
Consta que os ingleses inventaram a conversa sobre o tempo, porque é a melhor forma de possibilitar o máximo de acordo entre todas as pessoas com o mínimo de argumentação. As presidenciais portuguesas estão a tentar elevar o nível dessa discussão: utiliza
Assim ninguém corre o risco de se comprometer. E todos acabam por passar o tempo a discorrer sobre a forma e não sobre o conteúdo. É assim que Sócrates apela à «moderação» e, para animar as hostes, Mesquita Machado diz que Cavaco é um «anjo negro e mau». As tropas disparam rajadas de palavras cortantes. Os líderes apelam ao limite de velocidade. No fundo discute-se o tempo: uns dizem que está mal mas vai piorar, outros acreditam que está mal mas vai melhorar. E cada um vai à sua vida, como se tudo se resolvesse numa sopa de letras que formam palavras sem sentido. Esta eleição não é, ou não deveria ser, um folclórico chá dançante. E os problemas de Portugal não se resolvem entre um biscoito e um baile de solidariedade com o país. Substituir a discussão do Tempo Médio de Greenwich pelo do Tempo Médio de Belém não chega. O problema de Portugal não é uma questão de metereologia.
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