Compreende-se a celeridade. Mas, sobretudo, percebe-se que Jardim está a testar Belém. Jardim, que sempre conseguiu driblar os socialistas que, depois de falarem dos défices democráticos na ilha quando estavam na oposição, se calavam quando chegavam ao poder, tem um adversário complicado em Belém. Por isso tenta, desde já, desafiá-lo para o seu campo de batalha preferido: a guerrilha verbal. Cavaco, que gosta de gerir o silêncio, nunca conseguirá dialogar com um Jardim que faz do megafone a ideologia da sua política. Mas, obviamente, esta bondosa precipitação do líder regional da Madeira é demasiado transparente para passar em claro. Cavaco sabe que ficou numa posição incómoda: calando-se face ao sucedido, estará a dar lastro às aventuras de Jardim. Se optar pela resposta audível entrará no território em que Jardim é uma espécie de Cassius Clay da política. Não deixa de ser curioso que o primeiro desafio a Cavaco venha do território do PSD.