Opinião
O buraco negro
As autárquicas estão aí, logo após as primeiras três rotundas, e todos prometem o paraíso. A maioria dos candidatos promete assaltar o céu e entregá-lo em forma de estacionamentos, lares para idosos, infantários e espaços verdes aos cidadãos se eles, bond
Muitos, já calejados, prometeram tantas vezes as mesmas coisas que compraram uma fotocopiadora industrial. Cada vez com mais qualidade gráfica. Neste tempo de pós-modernismo eleitoral já houve mesmo quem prometesse vídeo-vigilância nas zonas perigosas. As frases já devem estar escolhidas, quando for lançado oficialmente o projecto: «Kant vela por si», «Faça Zapping pós-moderno» ou mesmo «A vídeo-vigilância é melhor que a PlayStation».
Muitos candidatos surgem entediados, como se tivessem de ter de se sujeitar a votações ou mesmo de ir a debates televisivos. Não entendem porque é que tendo sido iluminados pelo sol da cultura, ou mesmo do populismo, não ganham logo a lotaria da eleição. A maioria dos candidatos autárquicos apresenta frases ocas e iogurtes fora de prazo como bandeiras de renovação. Nisso ficam bem como medalhas nos casacos dos seus chefes nacionais. E é assim, de ideias ocas em ocas ideias que se alarga o buraco negro de Portugal.