Opinião
Na era do vazio
Há quem viva da imagem e para a imagem. Isso, claro, não se espera de um político. O problema é quando estes gostam tanto de se ver ao espelho que se tornam intérpretes da era do vazio, que um dia Lipovetsky celebrizou.
Tudo se reduz ao consumo de imagens, como se as ideias políticas fossem hambúrgueres e princípios fossem desfiles de moda. A apresentação da candidatura de Manuel Maria Carrilho à Câmara de Lisboa mostrou como a política pode ser uma versão animada de uma revista cor-de-rosa.
Quando se faz de uma campanha uma encenação da vida privada (»nós gostaríamos que (o presidente da Câmara de Lisboa) fosse o papá, não é, Dinis?», dizia Bárbara Guimarães no vídeo, dirigindo-se ao filho), é porque a política se tornou um chupa-chupa. Deixou de haver fronteiras. Para Carrilho a política é um «Big Brother» pretensamente intelectual. Está no seu direito. Mas, um dia, não venha falar de ética e de moral.
Carrilho criou a política cor-de-rosa à portuguesa. Onde tudo gira à volta de emoções fáceis. Quando apanhar o eléctrico 15 para Belém, o destino com que sonha, vai dar o exclusivo a uma revista dessas. Mas, até lá, escusava de pensar que Lisboa é a Baracha e que a capital é uma «Quinta das Celebridades».