"É o comer que faz a fome."
Eça de Queirós


Numa entrevista publicada no passado sábado pelo diário britânico "The Guardian", Lagarde afirmou que os gregos deviam começar por se ajudar colectivamente "pagando os seus impostos" e disse-se "menos preocupada com as crianças gregas do que com as da África subsariana." Quando oiço Lagarde dizer estas pseudo-verdades preconceituosas apetece-me responder na mesma moeda, e virar-me para o ex-presidente do FMI, apontar para a presidente do FMI, e dizer - ksss, ksss! Busca, busca!

A entrevista de Lagarde não matou a fome a ninguém mas choveram críticas de todo o lado, incluindo críticas positivas - Helena Matos, cronista do "Público", apareceu na televisão a dizer que a Lagarde só tinha dito verdades. Tenho para mim que Helena Matos devia expressar as suas ideias nos intervalos dos fados na Rádio Amália, para os taxistas atingirem o nirvana.

Lagarde quer a Etiópia no euro, e localizou Atenas apontando para o mapa do Níger. Cada vez que Lagarde fala, nasce uma aurora dourada.

Neste caso, o que está em causa não é tanto sobre quem se fala. O que está em causa é quem fala. O FMI é a nova Cruz Vermelha? Não tivesse o FMI apoiado as ditaduras da Etiópia, Quénia, Libéria, Malawi, Nigéria, Somália, Sudão e, se calhar, os miúdos do Níger estavam mais gorditos e só cabia um em cada banco de escola. É sabido que a esperança de vida dos países onde o FMI actua, cai, em média, cerca de dois anos, e os suicídios aumentam, em média, 50% - este é o único contributo do Fundo Monetário para aproximar o homem do paraíso. FMI significa Fundo Monetário Internacional, e não Famintos do Mundo Incorporate - não façam confusões.

É tão fácil fazer comparações parvas - os gregos comparam a presidente do FMI com as crianças africanas e mandam Lagarde encher-se de moscas. Os miúdos do Níger acham que Lagarde está demasiado magra para quem ganha tanto e não paga impostos por gozar de um estatuto fiscal específico - e sabem tudo isto só com duas horas de aulas por dia.

Por enquanto, ainda não faz sentido misturar a África subsariana com a União Europeia. Precisamos de mais uns meses. Até lá, fica o meu conselho africano: os gregos que façam como o PSI 20 - larguem o euro e abracem o kwansa.




From Níger with love

1. Com a fortuna que a RTP gasta em cabeleireiro, como é que a Catarina Furtado diz, no anúncio da Pantene, que está com os cabelos espigados?!

2. Relvas está para Passos Coelho como Pereira Cristóvão para Godinho Lopes. Sabem demasiado e, se um for ao fundo, o outro vai ao fundo com ele.

3. Segundo o CM, Miguel Relvas e Silva Carvalho jantaram juntos em Agosto - seria da esfera privada se tivessem dormido juntos a seguir ao jantar.

4. Balsemão não descansa enquanto o Vasconcellos não lhe devolver o serviço Vista Alegre que lhe ofereceu no casamento.

5. Dizem que os portugueses têm de apoiar a Selecção, mas basta olhar para os carros daquela gente para concluir que devia ser ao contrário. Mas vamos todos apoiar e consta que a Isabel Jonet vai dar os prémios de jogo à Selecção.

6. "Não demito ministros por receberem sms", só secretários de Estado por chatearem a EDP. Segundo o PM, sócios da Ongoing fizeram um dossiê de Balsemão para lhe oferecer nos anos.

7. O povo egípcio vai voltar à Praça Tahrir porque não aceita os resultados das eleições democráticas pelas quais lutaram há 15 meses na Praça Tahrir. Estão a ver, ainda bem que não executaram o Mubarak. Ainda vão precisar dele.

8. Agente secreto apanha Marcelo a atacar Balsemão em "e-mail" - Não Acredito! Apanharam Marcelo a conspirar contra gente do PSD. Volta Assange!

9. A prova que o ministro-adjunto não mantinha contactos com Silva Carvalho é que a festa de anos, de Relvas, foi surpresa para o próprio. Relvas recebeu de prenda de anos, de Silva Carvalho, um cheque A Vida é Bela.

10. Tenho uma ficha para dar três voltas na espiral recessiva.