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08 de Novembro de 2011 às 14:14

Investir para obter rendimento (parte I)

Os recentes desenvolvimentos económicos e dos mercados bolsistas mudaram as regras do jogo do investimento.

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Os recentes desenvolvimentos económicos e dos mercados bolsistas mudaram as regras do jogo do investimento. As oportunidades atractivas de obter rendimento tornaram-se escassas nos investimentos quer em obrigações de elevada qualidade e a curto prazo quer em liquidez. Os investidores em acções e em imobiliário, por outro lado, têm de esquecer a sua preocupação histórica com o crescimento do capital e começar a considerar os activos de risco de uma perspectiva de retorno absoluto.

Num contexto de menor crescimento e de taxas de juro mais baixas, encontrar oportunidades de obter rendimento não só é possível, como oferece um potencial de retorno total atractivo. Este é particularmente o caso num contexto de maior volatilidade do mercado. Analisamos seguidamente as formas como os investidores podem investir para obterem rendimento através de diferentes activos:

OBRIGAÇÕES
As obrigações têm constituído o refúgio tradicional para os investidores que procuram obter rendimento. No entanto, num contexto de taxas de juro baixas e crescimento anémico nos mercados desenvolvidos, muitos títulos de dívida pública oferecem taxas de rendibilidade relativamente baixas comparativamente à sua própria história, numa altura em que a perspectiva de risco soberano parece ter aumentado de uma forma generalizada. Apesar de o lado curto da curva de rendimentos oferecer actualmente um valor limitado, o lado mais longo está a proporcionar melhores níveis de rendimento, embora inferiores aos que proporcionou no passado.

Felizmente, as obrigações constituem agora uma classe de activos mais ampla e diversa que nunca e ainda existem oportunidades para os investidores encontrarem um rendimento atractivo, investindo em classes de obrigações de maior rendimento ou adoptando uma abordagem flexível ao investimento em obrigações através da utilização de um fundo estratégico. O investimento em obrigações de mercados emergentes e alto rendimento ( "high yield") pode igualmente melhorar a componente de rendimento de um fundo de obrigações diversificado.

Vantagens do risco e da diversificação
Uma das vantagens de investir em obrigações é que estas proporcionam um fluxo de rendimento regular e previsível, geralmente com menor risco para o capital (dependendo da sua posição no espectro do crédito) que outros activos tais como as acções ou o imobiliário. As obrigações podem oferecer uma diversificação útil para além das acções numa carteira multi-activos uma vez que as obrigações de elevada qualidade tendem a subir quando os mercados accionistas caem devido a preocupações acerca do crescimento económico.

As taxas de rendibilidade da liquidez, títulos de dívida pública e obrigações de empresas encontram-se significativamente abaixo dos níveis a que se situavam antes da crise. As taxas de rendibilidade das acções encontram-se significativamente acima dos níveis a que se situavam antes da crise.

Investir em obrigações num mundo em mundança
As obrigações oferecem, pois, uma diversidade considerável de risco e retorno e as diferentes classes de obrigações registam bom desempenho em diferentes alturas do ciclo económico. As obrigações com investment grade tendem a ser as mais consistentes em períodos de mudança. As obrigações "high yield" beneficiam com a melhoria das condições económicas, particularmente a seguir a uma recessão que tenha tido o efeito de diminuir as taxas de rendibilidade. Os títulos de dívida pública têm bom desempenho em períodos de deterioração das condições macroeconómicas.

O problema é que o cenário actual é muito imprevisível e que novas políticas podem mudar rapidamente a atractividade relativa de diferentes investimentos - por exemplo, caso fosse anunciado o QE3, muitos investidores em obrigações quereriam rever a sua abordagem.

Ao decidirem qual é o tipo de investimento em obrigações mais adequado, os investidores deverão também considerar os seus próprios objectivos subjacentes. Por exemplo, se a diversificação através de acções estiver a ser considerada, as obrigações "high yield" poderão não ser apropriadas, visto que têm uma correlação mais elevada com as acções. A vantagem é que se obtém menor volatilidade com obrigações "high yield" do que com as acções e que, num contexto de crescimento baixo, desde que este não seja de recessão, o alto rendimento pode oferecer um retorno positivo ao passo que as acções transaccionam dentro de um intervalo. O sector de alto rendimento não constitui apenas uma aposta no crescimento, pode igualmente oferecer valor, o crescimento não é apenas moderado e as taxas de juro a curto prazo são baixas. As obrigações de empresas com investment grade podem oferecer um compromisso atractivo - um rendimento razoável com um potencial de crescimento entre baixo e moderado.

Por último, o facto de escolher uma abordagem às obrigações e de mais tarde enfrentar o problema de ter de mudar para outro activo dentro das obrigações pode fazer com que os investidores percam tempo. É aqui que um fundo de obrigações estratégico com gestão activa se torna importante. A possibilidade de o gestor de fundos ter flexibilidade para escolher entre todas as diversas classes de obrigações significa que a combinação de investimentos do fundo pode ser dinamicamente orientada para as obrigações que se revelarem mais atractivas nesse momento.





Leque de classes de obrigações

• A recente aversão ao risco sublinha a razão pela qual os investidores devem ter alguma exposição a títulos de dívida pública de elevada qualidade. Apesar de tenderem a oferecer as taxas mais baixas, o risco de incumprimento é baixo.
• As obrigações de empresas com investment grade são emitidas por empresas que têm uma notação de crédito BBB ou superior.
• As obrigações de alto rendimento ("high yield") têm uma notação inferior a BBB e o maior risco que implicam é compensado por uma taxa de rendibilidade mais elevada.
• As obrigações de mercados emergentes oferecem um leque de maturidades soberanas e de empresas em moeda forte e local. O seu estatuto de mercado emergente tem-se reflectido tradicionalmente em taxas de rendibilidade mais elevadas.
• As obrigações indexadas à inflação, nas quais quer o capital investido quer o rendimento estão indexados à inflação, oferecem aos investidores uma forma de protecção contra aumentos de preços inesperados.


(continua na próxima semana)







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