Opinião
Introduzir os doutorados nas empresas
Uma das maiores transformações que se deu em Portugal nos últimos 30 anos foi a enorme expansão do sistema científico, bem visível em dois indicadores que mostram um elevado crescimento ininterrupto: o número de novos doutorados em cada ano e o número de novas publicações científicas também em cada ano.
Em 1986, ano da nossa entrada na União Europeia, doutoraram-se em Portugal ou no estrangeiro, pedindo equivalência em Portugal, 216 indivíduos e em 2015 já foram 2.969 (a maior parte mulheres!). Em 1986, publicaram-se 664 artigos em revistas especializadas e, em 2015, já foram 21.333. Nenhum destes indicadores foi afectado pela crise. As pessoas continuaram a doutorar-se, mesmo pagando do seu próprio bolso, e continuaram a realizar trabalho científico reconhecido em avaliação internacional pelos pares. Portanto, qualificou-se muita gente, que é capaz de produzir novo conhecimento nas mais variadas áreas.
Mas há um problema grave que urge resolver: o emprego científico. Não está resolvida a questão profissional dos jovens que obtêm qualificação ao mais alto nível. Só uma parte muito pequena dos doutorados encontra emprego no ensino superior e laboratórios estatais e só uma parte ainda mais pequena vai trabalhar em empresas. Muitos deles têm procurado trabalho no estrangeiro (ver o projecto GPS, Global Portuguese Scientists da Fundação Francisco Manuel dos Santos). O que é preciso fazer? Além da renovação geracional das escolas do ensino superior e dos laboratórios de Estado, que só lenta e parcialmente está em curso, são precisos estímulos (por exemplo, de natureza fiscal) para que as empresas contratem doutorados, de modo a transferir conhecimento para a economia. Sem isso, a sociedade do conhecimento ficará comprometida, limitando-nos a importar novas ideias e produtos produzidos noutros sítios.
Introduzir os doutorados nas empresas: eis uma ideia de negócio que nos ajudaria a abrir as portas do futuro!
No âmbito do 20º aniversário do Negócios, pedimos um artigo a várias personalidades sobre ideias para o futuro de Portugal.
Mas há um problema grave que urge resolver: o emprego científico. Não está resolvida a questão profissional dos jovens que obtêm qualificação ao mais alto nível. Só uma parte muito pequena dos doutorados encontra emprego no ensino superior e laboratórios estatais e só uma parte ainda mais pequena vai trabalhar em empresas. Muitos deles têm procurado trabalho no estrangeiro (ver o projecto GPS, Global Portuguese Scientists da Fundação Francisco Manuel dos Santos). O que é preciso fazer? Além da renovação geracional das escolas do ensino superior e dos laboratórios de Estado, que só lenta e parcialmente está em curso, são precisos estímulos (por exemplo, de natureza fiscal) para que as empresas contratem doutorados, de modo a transferir conhecimento para a economia. Sem isso, a sociedade do conhecimento ficará comprometida, limitando-nos a importar novas ideias e produtos produzidos noutros sítios.
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