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Fruta fora de época

Para desespero dos favoritos, Joaquim Oliveira venceu nos 90 minutos de jogo e não precisou de prolongamentos.

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Devido aos desvarios climatéricos, as bancas de legumes transbordam de variedades de frutos fora da sua época normal. Deixo aqui alguns exemplos, para aguçar o apetite dos apreciadores.

Melão - É o fruto da moda, sobretudo após a venda da Lusomundo à Controlinveste. Aparentemente, a onda de perplexidade que varreu o mundo dos media rebateu-se nos melões. Não é caso para menos. Entre tantos candidatos insignes (chegaram a contar-se doze) aos títulos da noiva, logo haveria de ser escolhido o plebeu Joaquim Oliveira, esse self-made man oriundo dos tenebrosos meios desportivos, desprovido de prefixos onomásticos (dom, doutor, engenheiro ou comendador) e desconhecido da socialite lisboeta! Pois bem, o patrão de O Jogo e da Sport TV bateu toda a concorrência sem apelo nem agravo.

Na verdade, o desenlace era previsível. Na ausência de sentimentos fortes por parte da noiva, a mãe Portugal Telecom já tinha dado a entender que a decisão seria rápida e que o eleito seria aquele que avançasse com o maior dote e as melhores garantias. O garbo e os pergaminhos dos candidatos só serviriam como critério de desempate. Para desespero dos favoritos, Joaquim Oliveira venceu nos 90 minutos de jogo e não precisou de prolongamentos.

Limão - Para as bandas do banco central, o sabor dominante é o do limão. Então não é que o novo governo se prepara para adjudicar ao Banco de Portugal mais uma penosa empreitada de auditoria às contas públicas? Com a agravante de o trabalho se adivinhar especialmente laborioso, dada a sofisticação contabilística introduzida nos últimos três anos da governação. E se os governos se habituam a solicitar exames sistemáticos à escrita? Como escolher entre a lima e o limão?

Não, a nobre missão do banco central é simplesmente estudar a conjuntura e supervisionar os rácios do sector bancário. Já chega de incumbências. Quem quer auditorias, que as pague, seja ao Tribunal de Contas, seja a uma empresa privada. Caso contrário, o Banco de Portugal, visivelmente carente de recursos, será obrigado a terciarizar grande parte da sua actividade produtiva. A contragosto, naturalmente.

Banana - É o fruto mais apetecido no Ministério da Saúde. Uns passam o tempo à espera da acção das leis da gravidade sobre os ramos das bananeiras, outros divertem-se a espalhar as cascas pelos corredores, em busca de emoções fortes. Veja-se o topete da Unidade de Missão dos Hospitais SA ao ignorar o concurso lançado pelo Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde (IGIFS), com o argumento de que os procedimentos do IGIFS eram demasiado morosos. Com franqueza, será que é criticável o facto de a comissão de avaliação não se reunir há dois meses? Será que é preciso explicar à Unidade de Missão que o Estado obtém enormes ganhos de eficiência através da centralização das compras? Ou que os processos na máquina pública não foram feitos para ser céleres? Tenham juízo e descansem enquanto é tempo.

Strawberry - Eis o mais popular dos frutos lusitanos de exportação. No mercado britânico, o sucesso é total - José Mourinho transformou-se no morango de estimação das súbditas de Sua Majestade. Numa recente edição, o jornal popular The Sun dedicava duas páginas de conselhos às mulheres inglesas sobre como aproximarem o look dos seus maridos ao do irreverente treinador português. Em jeito de demonstração, um manequim-repórter exibia um corte de cabelo e um traje à Mourinho - sobretudo abotoado, cachecol e mãos nos bolsos. Faltava-lhe a displicência latina e o ar silvestre do artigo original, mas fica a sensação de que a indústria inglesa está a trabalhar afincadamente na procura de um produto substituto. A ameaça é bem visível. Registe-se a patente quanto antes.

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