Opinião
Frankenstein e a Alemanha
Em "Frankenweenie", o novo filme de Tim Burton, o jovem Victor consegue ressuscitar o seu cão Sparky, depois deste ter sido morto por um carro. O feito é possível num laboratório parecido com o que criou Frankenstein.
Em "Frankenweenie", o novo filme de Tim Burton, o jovem Victor consegue ressuscitar o seu cão Sparky, depois deste ter sido morto por um carro. O feito é possível num laboratório parecido com o que criou Frankenstein. As verdadeiras complicações começam quando os colegas de Victor seguem as suas pisadas e começam a fazer ressuscitar os seus animais de estimação. Os resultados são desastrosos. É esta política de Frankenstein que a UE tem para oferecer às suas estâncias do sul. O laboratório é a austeridade e os resultados são impiedosos. Os portugueses, sob os auspícios de Bruxelas, Berlim e de São Bento, estão a transformar-se em Sparkys andantes. As doses desse veneno a que se chama austeridade são maiores do que o veneno do défice e da dívida. Por isso a dose aplicada é má medicina, como prova a mais recente e brilhante ideia dos neurónios governamentais de cortar nos valores mínimos do subsídio de desemprego. O Governo está em pânico e começa a não acreditar que quem espera sempre alcança. A digressão de Ângela Merkel à Grécia e, nos próximos dias a Portugal, diz muito sobre a resolução dos problemas. Será em Berlim que ele se resolverá, ou não, depois das eleições alemãs, como se vê com os solavancos sobre a união bancária. Se a UE ganhou o Prémio Nobel da Paz para promover a pobreza das nações europeias e a destruição das sociedades por meios políticos estamos conversados. É uma pena que nesta guerra de trincheiras Passos Coelho tenha apenas uma ideia sobre a Europa e a crise: aquela que se imagina que Merkel possa ter. Conseguirá Portugal evitar transformar-se num Sparky vestido de Frankenstein?
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