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20 de Fevereiro de 2008 às 13:59

Está no invólucro

O mérito deve ser registado por inteiro, sem que o facto eleve a personagem. É evidente que ninguém com dois tentos de cabeça arrisca tudo numa simples entrevista. José Sócrates tem arte, engenho e, sobretudo, argumentos para transformar uma conversa difí

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Voltemos à personagem. Sócrates sabe negociar os termos do contrato (o formato da conversa é-lhe favorável) e tem a lição na ponta da língua: o défice desceu, a economia subiu e o desemprego fica para outras contas. Disto isto, o homem conhece um serviço de Saúde exemplar, onde nas paredes encontrou elogios à política do ministro que entretanto despediu para evitar o seu próprio despedimento; resolvido o problema, o homem jura que os professores vão ser avaliados por professores até que a contestação seja circunscrita a professores de outros partidos que não o seu. Nos minutos disponíveis para trivialidades ficamos a saber que o homem é autor confesso de um olhar estético que, olhando bem, está no invólucro. Como, aliás, está tudo: Sócrates funciona como um autómato com a vantagem de expelir vontade própria. E é assim que, com facilidade, se transforma uma entrevista supostamente difícil numa fácil acção de propaganda. O mérito está no invólucro.        

P.S. José Luís Arnault aprendeu a fugir dos pingos da chuva. Sobre o resultado da negociação com a Estoril Sol responde quem a concluiu; sobre o financiamento da Somague ao PSD – condenado pelo Tribunal Constitucional – a responsabilidade cabe por inteiro ao adjunto Vieira de Castro. Quem sabe nunca esquece.

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