Divididos por uma fronteira, dividimos o mundo. E separámo-nos para sempre. Regressámos à democracia quase ao mesmo tempo, mas nem assim deixámos de olhar desconfiados para o outro lado da fronteira.

Alguns ainda têm saudades de quando só se trocava café por caramelos ou de quando a peseta valia metade do escudo. Mas esse tempo não volta. A Espanha é um potentado e Portugal um pequeno parceiro europeu. A Espanha planta oliveiras à volta do Alqueva e Portugal faz aquacultura de submarinos no oceano.

Realmente tudo nos divide. Mas o problema é que estamos colados a Espanha. E é por isso que as suas eleições não nos podem deixar indiferentes. Até porque há já demasiados laços entre os dois países para que, quando uma borboleta bate as asas do outro lado da fronteira, não chegue aqui uma ventania.

Mas há coisas que poderíamos aprender. Por exemplo, desde há 20 anos que todas as instituições turísticas de Espanha utilizam o Sol de Joan Miró como símbolo. Em todo o mundo vê-lo é pensar no país vizinho. Em Portugal passamos a vida a mudar os conceitos de promoção turística.

Afinal desconfiamos é de nós próprios.