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Descolonização, Música, 25 de Abril, Escultura, Ibéria

Há cerca de 30 anos o processo de descolonização começou a concretizar-se e por isso mesmo os acontecimentos dos últimos dias na Guiné-Bissau dão que pensar: houve quem fizesse a luta anti-colonial para isto?

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Há cerca de 30 anos o processo de descolonização começou a concretizar-se e por isso mesmo os acontecimentos dos últimos dias na Guiné-Bissau dão que pensar: houve quem fizesse a luta anti-colonial para isto?

Como podem chegar ao poder figuras como Kumba Ialá na Guiné? Como podem criar-se oligarquias que se alimentam da corrupção noutros Estados?

Como é que a transição de regimes gerou monstros, pobreza, retrocesso quando o objectivo era o contrário?

Quem falhou mais? Aqui, nem o argumento da liberdade se pode colocar: a opressão continuou, apenas mudou de cara; a ditadura manteve-se, apenas trocou de personagens.

No meio do pessimismo nacional a Galp anunciou lucros em Espanha, dispôs-se a investir mais no mercado ibérico, orgulha-se de ter seguido sem desvios uma estratégia que há-de-ter sido difícil.

Mas houve visão e persistência e, pelos vistos, um bom negócio. É um triunfo sobretudo sobre os velhos do Restelo, que à primeira contrariedade atacam, que insistem sempre no imediato e no facilitismo.

A sessão pública do “Compromisso Portugal” foi há um mês, a 10 de Fevereiro. Disseram-se coisas corajosas, abanou-se a modorra local - de certa forma foi a primeira comemoração dos 30 anos do 25 de Abril, descendo ao terreno prático da participação cívica.

A ideia - as ideias - não podem parar, a intervenção concreta deve continuar sob pena de se ter feito apenas mais uma conferência.

Vou usar uma analogia com a indústria musical: é importante fazer o lançamento formal de um disco com um coktail ou uma festinha, mas depois tem de se partir em digressão, tem que se ir cantar a todo o lado, fazer sessões de autógrafos, dar a cara pelo país fora.

Só assim se transforma um lançamento que correu bem num disco que vende muito. Bom exemplo disto é o que a Experimenta design está a fazer com a sua Voyager, uma mostra itinerante da criatividade nacional na arquitectura, artes plásticas, design, fotografia, música.

Primeiro lançou-a, levou-a lá fora, deu que falar, mostrou-a em Lisboa. Agora partiu por esse país fora, está em Viseu para a semana.

Não era pior o “Compromisso Portugal” fabricar a sua Voyager. Três décadas depois do 25 de Abril existe o temor, pelos vistos real, de que 70% dos portugueses não queiram participar nas próximas eleições europeias.

Com a previsão da taxa de abstenção em alta, que lições se devem tirar: a democracia não foi capaz de fomentar a participação cívica? Os partidos não estimularam a cidadania?

Aos portugueses não interessa o que se passa na Europa, o alargamento, as novas realidades? Mas o problema, no fundo, temo bem que seja maior: a abstenção nas eleições europeias é também geralmente elevada nos outros países - a ideia política da Europa ainda não derrotou os quintalinhos de cada um.

Há uns meses atrás quem ouvisse os promotores do Rock in Rio a falar acharia que estávamos num país onde nada se passava em matéria de concertos.

Felizmente não é assim e a iniciativa brasileira estimulou os promotores locais: os cartazes do “Super Bock-Super Rock” e do Lisboa Festival são aliciantes e mostram que o produto importado pode ter trazido novidades em termos de marketing, mas em termos artísticos deixa alguma coisa a desejar.

Onde se pode ver Bowie, Lenny Kravitz, Pixies ou Fat Boy Slim? - não é no Rock In Rio não...

Até 19 de Maio, na Fundação Gulbenkian, há uma exposição a não perder: “ Mass and empathy “ do escultor irlandês Antony Gormley. Visitem os três espaços onde ela pode ser vista, três momentos bem diversos, todos surpreendentes e todos francamente inesperados.

É uma parábola em torno da importância do corpo humano. E da vida, em última análise. Os atentados de Madrid são revoltantes. São a negação da Liberdade.

Volto ao primeiro parágrafo deste artigo: em nome de ideias de independência e autonomia não se pode criar a barbárie. Nestes dias sentimo-nos todos madrilenos.

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