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Como se esbanja dinheiro do contribuinte

O IAPMEI injectou dois milhões de euros na Facontrofa, a empresa que produzia vestuário da marca Cheyenne. Com a operação, o Estado português (o IAPMEI é um instituto público) ficou com 40% do capital da empresa. Duas semanas depois, a Facontrofa deixou de produzir.

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O IAPMEI injectou dois milhões de euros na Facontrofa, a empresa que produzia vestuário da marca Cheyenne. Com a operação, o Estado português (o IAPMEI é um instituto público) ficou com 40% do capital da empresa. Duas semanas depois, a Facontrofa deixou de produzir. Por falta de encomendas! Daí aos salários em atraso (300 trabalhadores) foi um passo. Daí à insolvência foi outro.

A este jornal a administração do IAPMEI explicou que "este tipo de operações, em empresas em situação difícil, são sempre de alto risco, havendo necessariamente probabilidades de insucesso". E acrescentou que esse risco se agrava em períodos de grave crise, como a actual, "que afectou decisivamente as condições de sucesso do projecto de reestruturação da empresa".

Primeiro ponto: não é precisamente pelo risco de insucesso destas operações que elas têm de ser muito cuidadosamente planeadas (analisar criteriosamente as contas, os contratos, as encomendas…)? Segundo: entre a entrada de dinheiro e a paragem da empresa mediaram escassos 15 dias. Como é que quem analisou a operação não anteviu o desastre? Houve negligência na análise? Alguém falsificou números? Terceiro: este processo está a ser investigado? É que desapareceram dois milhões de euros que o Estado foi buscar aos contribuintes e que chegavam para emprestar a dezenas de PME (muitas delas inovadoras), com dificuldades em obter financiamento. Não sei porquê mas toda esta história parece estar muito mal explicada. E era bom que o IAPMEI desse rapidamente resposta às dúvidas (é um eufemismo!) que ela levanta.

camilolourenco@gmail.com





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