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Bons ventos...

... E bons casamentos. Mas não é de Espanha, nem espanhóis, nem sequer de relações ibéricas que estamos a falar. É de Portugal, dos portugueses, das mudanças de humor que pairam no ar ou da enorme vontade para tornar 2004 num ano bastante melhor que o ter

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O clima está melhor entre nós e isso foi possível constatar, antes, durante e depois, naquela que foi provavelmente a maior concentração de capitalistas jamais vista em toda a Península Ibérica.

Presidentes dos maiores grupos espanhóis, grandes empresários portugueses, e banqueiros, e gestores, dos dois países, muito daquilo que de mais importante acontece nas duas economias, enfim, a nata da nata empresarial e financeira, portuguesa e espanhola, esteve ontem em peso no Palácio de Queluz. Em homenagem ao chefe do Governo espanhol, que está a pouco mais de um mês encerrar dois mandatos que marcaram a história recente de Espanha. E das relações dela connosco.

Mas volto a sublinhar: não é Espanha que aqui hoje se vai falar. Porque, na realidade, não foi Espanha, nem de espanhóis, ou de invasões, ou de medos, que ontem mais se ouviu falar. As energias voltaram concentrar-se em nós próprios. E isso inspira um sentimento muito positivo.

Porque:

a) os nossos empresários, a nossa banca, os nossos gestores, quem manda nos grupos económicos que actuam em Portugal, foram os primeiros a perceber que, efectivamente, pior já passou;

b) as maiores empresas, que se tinham transformado nos mais problemáticos devedores, estão há dois anos a atacar custos, a reduzir dívida, a voltar a respirar, a pensar em investir;

c) eles sentem que, em 2004, chegou a vez de regressarem aos negócios, de recriar uma dinâmica que andou perdida desde o estertor do guterrismo até à tanga do barrosismo;

d) e, finalmente, porque a larga maioria mantém uma boa dose de confiança neste Governo. Bem, “confiança” pode ser uma palavra excessiva, mas pelo menos a esperança ainda não morreu.

Do mundo da macroeconomia, sobretudo a partir das perspectivas recentemente traçadas pelo doutor Constâncio, três ou quatro ideias já estavam mais ou menos assimiladas:

a) que o sector público vai puxar a economia para trás, pela via do consumo e do investimento;

b) que as exportações voltam a jogar um papel central no ímpeto e na velocidade do crescimento;

c) que a descolagem não será fulgurante, porque a conjuntura externa não é formidável;

d) que o investimento empresarial volta a aparecer, interrompendo um longo e profundo sono.

Pois ontem, nos corredores do Palácio, passou uma onda parecida. A boa disposição não se quantifica. E o que a seguir vai ler é impossível de provar: mas tudo indica que, este ano, empresas voltarão a puxar pelo país. Do Governo só esperam que cumpra a sua parte: levar duas ou três reformas até ao fim.

Ninguém está de peito cheio. E as bolsas animadas também ajudam. A fase da depressão colectiva parece ter desaparecido do nosso clima empresarial. Oxalá!

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