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24 de Março de 2004 às 13:44

Autópsia de uma anormalidade

As reacções políticas internacionais ao assassinato do líder do Hamas por Israel parecem-se demasiado com estratégias de marketing diplomático para lavar a face.

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As reacções políticas internacionais ao assassinato do líder do Hamas por Israel parecem-se demasiado com estratégias de marketing diplomático para lavar a face.

Um a um, começando logo por Jack Straw e indo até Kofi Annan, mas passando por Durão Barroso e por Jorge Sampaio, os principais líderes políticos sentiram-se compelidos a dar as suas sentenças sobre o assunto para que a comunicação social registasse bem a condenação do atentado e mostrasse a sua determinação e zanga.

Mas a verdade é que para além da dureza das palavras, da banal reflexão sobre a ilegalidade do acto e sobre a escalada de violência que assim se acentua, ninguém se atreveu a ameaçar Israel com o corte de relações diplomáticas ou outro tipo de sanção.

Israel sai assim diplomaticamente impune do episódio e, para o provar, não perdeu tempo e já veio dizer que o próximo alvo será Yasser Arafat. E qual foi a reacção da UE, dos EUA e da ONU a esta verdadeira ameaça? O silêncio.

Do ponto de vista de Israel, um país cuja constituição é sionista e portanto ilegal à luz do direito internacional, as organizações paramilitares palestinianas movem-lhe uma guerra terrorista. Assim sendo, o assassinato de um dirigente palestiniano não é um assassinato mas um acto militar.

Israel vê o assunto como parte de uma guerra em curso e não como um acto policial. Israel concebe que se poderá isolar atrás de um muro, qual enorme castelo medieval, e a partir dele impedir ataques ao seu território e exerger acções punitivas sobre os palestinianos que a sitiam.

Ao contrário dos sonhadores europeus, Israel não vê qualquer tipo de solução política para o conflito e, por isso, concebe que terá de viver ainda por muitos e longos anos em estado de guerra permanente.

Com o eterno apoio dos EUA, país que economicamente viabiliza a sua existência, e com o envergonhado encolher de ombros europeu.

Ambos à espera de um acontecimento descomunal que modifique dramaticamente o curso da anormalidade.

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