Opinião
As células cinzentas de Poirot
O mistério empresarial do momento dá pelo nome de Longstock Financial. Este grupo, representado em Portugal por um enigmático Vítor Pinto da Costa, assinou, agora, um contrato promessa para a compra de 85,14% da ATA - Aerocondor Transportes Aéreos.
Em Agosto do ano passado, esta mesma Longstock Financial adquiriu a Air Luxor à família Mirpuri com o epílogo que se conhece.
A companhia perdeu os aviões por incumprimento nos pagamentos aos "lessors" e viu-lhe ser retirado o certificado de operador aéreo por parte do INAC. Resultado, a Air Luxor passou a fazer parte do baú de recordações de transportadoras falhadas, juntando-se a outras como a Air Colombus e a Air Sul.
Agora, a Longstock volta a dar sinais de vida com a aquisição da ATA e a perplexidade cresce.
Como é que um grupo que não teve dinheiro para recuperar a Air Luxor se abalança no negócio da ATA? E com que garantias é que o accionista vendedor, Vítor Brito, fecha um acordo, conhecendo o historial da Longstock Financial? E o que é que as Finanças, credora da Air Luxor, terá a dizer sobre o assunto. E o INAC irá permitir a transferência da licença da ATA sem averiguar a capacidade dos novos proprietários? Mais do que um negócio, trata-se de matérias que certamente estimulariam as "células cinzentas" de Hercule Poirot.