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Almofada é para dormir

Se tivesse de encarnar um anão da Branca de Neve não teria dúvidas. Escolheria, logo, o dorminhoco. Gosto de dormir e tenho necessidade de dormir, por isso, sou muito atenta quando se fala de almofadas.

Daí que não consiga dormir sossegada com a "almofada" orçamental que muitos apregoam. O défice, em 2013, terá ficado abaixo das metas a atingir. Mas será isto uma almofada? Estamos a falar de défices, logo, de dinheiro que não temos. Para pagar as despesas, o Estado tem de contrair dívida, porque as receitas não são suficientes. Seja de 5,5% ou 4,7% ou, mesmo, 3%, o défice é isso mesmo: um défice. E a almofada que isso dá é que o Estado terá de se endividar menos para tapar o buraco. Ora, essa é uma almofada que não me deixa dormir um sono descansado. O défice é de oito mil milhões de euros!

Até porque, sabemos, os objectivos orçamentais foram conseguidos à custa de um brutal aumento de impostos, tendo também havido receitas que não se repetirão este ano. E, por isso, exige-se mais. É necessário que o Governo atinja os objectivos orçamentais, mas actue para que as despesas estruturais sejam menores (e não à custa de medidas temporárias que atacam pensionistas e funcionários públicos que ganham 650 euros!!!) para que não haja, ano após ano, euforias e terrores face às contas públicas. Não gostei, não gosto de algumas medidas que este Governo promoveu. Eram as mais fáceis. As difíceis ainda estão por fazer. E aqui não há folga possível.

É como se em 2014 partíssemos do zero, mas com menos dívida do que aquela que teríamos se os objectivos não tivessem sido cumpridos. Mas é só isso. Não temos dinheiro a mais. Temos é dívida a menos. Claro que partimos para 2014 com uma base de despesas mais baixa, mas não o suficiente para dormirmos bem.

As cautelas são necessárias. E o risco de o Governo se esquecer disso, em vésperas de eleições, é grande. Não há quem goste das medidas que foram tomadas. Daquele enorme aumento de impostos. Ao mesmo tempo que se aumentavam os impostos, trabalhava-se seriamente na diminuição da despesa?

Não me parece. E é por isso que vamos continuar a dormir sem almofadas.

Jornalista
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