Opinião
Ali Babá e a corrupção
A corrupção em Portugal disfarça-se de Ali Babá. Mas desconhece-se sempre onde estão os 40 ladrões. Há vagamente alguém que insinua a existência de corruptos. Há muitas investigações sobre quem utiliza uma colher privada para comer a sopa colectiva.
Há quem fale de cumplicidades e esquemas. Há, segundo consta nas conversas dos melhores militantes das teorias da conspiração, corruptos que clamam contra outros corruptos com o objectivo de denunciar coisas secundárias para ocultar as principais. Portugal, a acreditar no que se escuta, é um país de corruptos. É mesmo um sítio onde os pequenos e médios corruptos são contra a grande corrupção. Da política ao futebol e passando pela economia, corrupção é a palavra mais escutada. Alguns preferem dizer "pequenos favores". Mas o resultado é o mesmo: a corrupção é o sabonete do país. Tudo desculpa. Mas começa a existir um sentimento de culpa. Há mais vozes a querer varrer o lixo que corrompe o país. O Estado, pelos vistos, também adoptou o discurso contra a corrupção. Pode ser que assim o seu espaço de manobra diminua. Seria bom para o país. Quando a questão da corrupção chega a Belém é porque Ali Babá já não está só. Os 40 ladrões estão à solta. E começam a cometer desmandos que já não se disfarçam com inquéritos que acabam, incógnitos, nas gavetas das repartições. Cavaco fez bem em falar contra a corrupção. Pode ser que, assim, a sociedade escute a sirene de alarme.
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