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A “sorte” está a acabar?

É costume dizer-se que a sorte dá muito trabalho. Uma forma de temperar o excesso de determinismo com que encaramos a vida. É verdade. Mas há sorte e? "sorte": por muitos meios aéreos que se tenha, nada condiciona mais os incêndios que o tempo (como está

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É costume dizer-se que a sorte dá muito trabalho. Uma forma de temperar o excesso de determinismo com que encaramos a vida. É verdade. Mas há sorte e? "sorte": por muitos meios aéreos que se tenha, nada condiciona mais os incêndios que o tempo (como está a acontecer). Por muito boa que seja a política externa, não foi ela que fez resvalar a redacção do Tratado da União para a presidência portuguesa?

José Sócrates está, indiscutivelmente, no grupo das pessoas com "sorte" (só rivaliza com Cavaco quando foi primeiro-ministro): a chefia do PS caiu-lhe nas mãos devido a problemas no partido; ganhou as eleições graças aos disparates de PSD e CDS; como primeiro-ministro recebeu um país farto de consensos e ávido de reformas; conseguiu um belo pacote de ajudas financeiras, da União, até 2013; apanhou uma conjuntura externa que puxa pela economia portuguesa?

Mas de repente começaram a aparecer nuvens no horizonte: a conjuntura externa está a ficar cinzenta. Efeito da subida dos juros, pelo BCE, desde 2005 e dúvidas sobre o impacto da "crise subprime" na economia real (nomeadamente em Espanha, nosso principal parceiro). A sorte de Sócrates está a acabar? Não é provável: o impacto da crise (de liquidez) na economia real deve ser limitado. Além disso, se o Tratado da União for assinado em Portugal, alguém segura um primeiro-ministro elevado a estadista?

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