Opinião
A política do efémero
Há algo que diferencia a verdade da mentira. Esta vive da velocidade sem rumo.
A primeira do trabalho árduo e sofisticado. Talvez por isso seja tão difícil descobrirmos estadistas como em décadas anteriores. No mundo em que reina a televisão muitos políticos julgam que três minutos velozes de sucesso no pequeno ecrã substituem a necessidade de alimentar reformas que demoram tempo a ser reconhecidas.
Os eleitores vivem, também, numa azáfama em busca de respostas supersónicas para as suas preocupações. Por isso, para a classe política, o mais simples é criar ficções antes das eleições. E para os eleitores é mais fácil acreditar nelas. É um mundo de espelhos. Os políticos acreditam que os eleitores reflectem-se nas suas declarações. Estas dissimulam ambições pessoais como se fossem interesses nacionais.
É aqui que Santana Lopes derrapa. Pensa que a política é um «video-clip» dos Duran Duran. Só que as políticas governamentais ficam. Os «video-clips» passam rapidamente. Quem é que hoje compra discos dos Duran Duran? E quem é que se lembra, pelo contrário, de Churchill?