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A piranha autárquica

Há um drama no memorando assinado com o FMI e a UE.

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O poder autárquico vai ser atirado às piranhas mas ninguém vai querer meter a mão no assunto para não ficar sem ela. Ninguém duvida que este é um país onde concelhos e freguesias nasceram com a generosidade viçosa dos cogumelos. Serviram para tudo, sobretudo para criar clientelas musculadas e bajuladoras. Os novos regedores valem votos e gerem interesses para os quais os líderes partidários olham envergonhados mas que, no momento da verdade, não renegam. Não admira que, tal como a justiça, deva ser um alvo de reforma. Há um problema. Reformar as autarquias não trará uma digestão fácil a quem tiver de a fazer. Causará, muito provavelmente, alguma congestão política. Reformar as autarquias é decisivo. Mas requer uma gestão prudente, num país que se inclinou demasiado para o litoral.

Por isso não pode ser feita por pura lógica matemática ou por excelso interesse partidário. São os abusos que estão em causa, não os princípios. A menos que a ideia do FMI e da UE seja desertificar Portugal e transformá-lo numa grande Lisboa com zonas adjacentes para as praias e o golfe. Reformar a teia autárquica requer criar verdadeiros pólos no interior que não sejam apenas centros de emprego mas verdadeiros íman para o repovoamento agrícola e social, que será fundamental num novo Portugal. A reforma autárquica não pode ser uma acção de contabilidade e de engenharia financeira supervisionada pelo FMI e pelos burocratas que em Bruxelas destruíram, com a ajuda amiga da ASAE, metade dos restaurantes populares do interior. Terá de ser conciliada com a visão de D. Sancho I, o Povoador.

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