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A pesca à linha

Ao contrário do que supõe Francisco Louçã, a democracia permite todo o tipo de traficâncias políticas. Louçã não é ingénuo e, se o fosse, vivia com Alice no País das Maravilhas. A história está cheia de seduções, de casamentos e de divórcios políticos...

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Ao contrário do que supõe Francisco Louçã, a democracia permite todo o tipo de traficâncias políticas. Louçã não é ingénuo e, se o fosse, vivia com Alice no País das Maravilhas. A história está cheia de seduções, de casamentos e de divórcios políticos feitos em nome do sol que brilhará para todos. Por isso, a questão de Joana Amaral Dias ter sido convidada pelo PS seria irrelevante se fosse um mero caso de pesca à linha. Mas não é, por outros motivos. Na política só é seduzido quem se deixa seduzir. E só seduz quem, à volta, não tem quem tem papoilas saltitantes que conquistem o eleitor. No futebol, os craques que trazem pessoas aos estádios querem sempre "dar o salto" para um clube maior. É compreensível que, na política, as jovens promessas queiram "dar o salto" para uma carroça maior. É tudo uma questão de promoção, e daí não vem dano moral ao mundo. Começa por aí o problema de Sócrates e do PS. Ao seduzir nomes como Inês Medeiros, Miguel Vale de Almeida ou Joana Amaral Dias, o PS procura o que não tem: faces que, à esquerda, tragam o que o anémico PS deixou de ter. A esquerda do PS envelheceu e os seguidores de Sócrates são militantes da chamada esquerda moderna: tecnocrática e sem ideologia. O PS precisa de imagens novas. Mesmo sabendo-se que toda a contra-cultura acaba por ser usada, abusada e rentabilizada. Joana Amaral Dias faria bem ao PS, mas não o mudaria. Tudo o resto é uma história de amor. Ou Joana Amaral Dias fez de Cinderela ou não fez. O sapato ainda está à espera de quem o apanhe.
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