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11 de Março de 2011 às 12:57

A luta é contínua

Antes de mais, fique bem claro que eu só não vou amanhã à manifestação porque tenho medo da contra-manif do Doutor Mário Soares. Não vou mas depois faço download.

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Reg: What's the point of fighting for his right to have babies, when he can't have babies? Francis: It is symbolic of our struggle against oppression.

Reg: It's symbolic of his struggle against reality.

Monty Python - A Vida de Brian



Antes de mais, fique bem claro que eu só não vou amanhã à manifestação porque tenho medo da contra-manif do Doutor Mário Soares. Não vou mas depois faço download.

Acho muita graça a certa "geração de Abril" que fica chocada porque alguém "desta geração" usou o termo canção de intervenção. - A música de intervenção era uma coisa muito séria; não era para animar a malta! Pode não ser música de intervenção, como se fazia nos tempos do "Zeca", mas a minha empregada chama-se Deolinda e já a aumentei.

Para certa esquerda, os nascidos depois de 74 deviam ser proibidos de utilizar o verbo - censurar . E a frase - lutar pelos nossos direitos - se usada por pessoas ainda com acne, devia ser considerado blasfémia. Eu também acho que fazia falta aos jovens perceber melhor o que era a ditadura mas é preciso não esquecer que a sede da Pide é um condomínio fechado.

A principal crítica que fazem à manifestação da Geração à Rasca* é a mesma que o meu pai me fazia, que o meu avô fazia ao meu pai e que o meu bisavô fazia ao meu avô (mas por intermédio de um advogado; que naquele tempo não havia cá conversas entre pai e filho) : "Vocês não sabem a sorte que têm! Cambada de mandriões! No meu tempo tínhamos que…" O argumento - no meu tempo - versus - dificuldades - é imbatível.

Tem sido e será sempre assim. É possível imaginar o que terá sofrido a geração de jovens que habitava há milhares de anos a antiga Mesopotâmia - ai, esmagaram-me uma perna com uma alavanca!! - Não te queixes! No meu tempo não havia rodas. Ou a primeira geração de Homo sapiens - Ó avô, eu estava aqui a pensar que estou farto de cometer actos de canibalismo…- Cala-te! Gr´narrgh! Nem sabes a Gnarghh de sorte que tens! Ão, ão! No meu tempo gnarhhh as pessoas ,auuuuuuuuuu, nem pensavam.

O presente é sempre o elo mais fraco. Mesmo quando comparado ao futuro. Nos filmes de ficção científica quando aparecem viajantes do tempo, vindos de um futuro mais ou menos próximo, também há sempre um tom de crítica sobre o que estamos a fazer no presente e a sorte que temos se comparado com o cataclismo que eles estão a viver.

Não há como escapar. Para que as nossas queixas tenham fundamento resta esperar até nos tornarmos passado num futuro o mais próximo possível. E para passar o tempo nada como ficar a ouvir o que chata que eu sou dos MadreDeus. Ou então, ponham um desses autocolantes que hoje oferecemos e vão à manifestação só para ver o que acontece. O país precisa de um "sobressalto cívico" ; mas sem mortais à retaguarda!


Perguntas aos leitores

A Doutora Emília Mattoso, - Presidente da Associação de Incontinência Urinária, pergunta - não acha de mau gosto o epíteto - Geração à Rasca?



Doutora Emília, eu não concordo como o epíteto - Geração à Rasca. Geração à rasca, não remete para a questão da dificuldade em atingir objectivos. Pelo contrário. Não imagino maior vantagem que pertencer a uma "Geração à rasca" no país do desenrascanço. "À rasca" é o nosso habitat natural. Só assim é possível potenciar todo o nosso elevado nível de desenrascanço. Era como se na Colômbia aparecesse uma "Geração à coca" , em Inglaterra surgisse uma "Geração à hora combinada" e na Líbia uma "Geração a arder".

E Geração casinha dos pais também é incorrecto porque, na maioria dos casos, a casa não é dos pais. Do corredor para a frente, incluindo o quarto onde dormem, ainda está por pagar ao banco e os pais estão; cá está; à rasca. Mas lá se vão desenrascando. - Que São Trichet tenha dó deles. Ámen.



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