Opinião
A idade do fingimento
Na política tudo se pode fingir. E em quase tudo se pode acreditar. Um exemplo chega. A UE finge que vai aceitar a Turquia no seu regaço. A Turquia finge que acredita. E quando alguém finge que pensa que o outro fala verdade até pode ser que todos acabem
Na política tudo se pode fingir. E em quase tudo se pode acreditar. Um exemplo chega. A UE finge que vai aceitar a Turquia no seu regaço. A Turquia finge que acredita. E quando alguém finge que pensa que o outro fala verdade até pode ser que todos acabem por acreditar na ficção.
Nas autárquicas portuguesas sucede o mesmo. Há candidatos que fingem que podem transformar o pão em electrodomésticos. Há eleitores que fingem acreditar que as rosas se podem transformar em zonas verdes. O ilusionismo tornou-se a ideologia oficial da política autárquica portuguesa.
É mais abrangente que o célebre bloco central. Esta, afinal, é a idade da política televisiva. Olha-se para o pequeno ecrã e acredita-se que a ficção que lá surge é a realidade. Acontece também o contrário.
Veja-se o candidato que é marido de Bárbara Guimarães: foi a um encontro com estudantes. Estavam lá dois. A realidade surgiu como uma ficção. Ou uma comédia, no caso.
Mas é destes pormenores pitorescos que se faz a campanha eleitoral. Maquiavel, se regressasse para dar conselhos a alguns candidatos autárquicos portugueses, acabaria a pedir para ser aconselhado para escrever uma nova versão do "Príncipe".
Em matéria de fingimento ele estava na idade da pedra.