Opinião
A companhia que já não existe
A Air Luxor já não existe, só que os novos proprietários da companhia aérea ainda não se devem ter apercebido disso.
Nos últimos dias, Vítor Pinto da Costa, o actual presidente da empresa, tem-se multiplicado em ‘e-mails’ e comunicados para explicar o impossível: neste momento a transportadora não tem aviões; as outras companhias não lhes alugam aparelhos por não receberem garantias de pagamento dos serviços prestados; e os luso-canadianos da Longstock - os accionistas que deveriam injectar dinheiro na Air Luxor - só não desapareceram porque, na realidade, nunca apareceram. Ou seja, neste momento a companhia é a fachada de coisa nenhuma.
A existência empresarial da Air Luxor é, em si própria, um mistério. A companhia fundada por Paulo Mirpuri sempre viveu com as contas no «vermelho» e a sua estratégia foi marcada permanentemente pela volatilidade. Uns dias apostava no tráfego intra-europeu, outros nas rotas africanas e, ao fim-de-semana, até podia ser uma ‘charter’. Resultado: a Air Luxor foi esmagada pela concorrência.
Em Julho, Paulo Mirpuri alienou a Air Luxor e ficou com a entretanto criada Hy Fly. O negócio, segundo consta, foi fechado por cerca de 50 mil euros. O empresário Vítor Pinto da Costa e a dita Longstock herdaram os problemas e Paulo Mirpuri ficou com uma empresa «novinha em folha». Percebe-se a venda, mas não a compra. Aliás, em todo este imbróglio nada é suficientemente transparente e tudo carece de explicação. Ao que tudo indica, está-se perante um caso de polícia que merece ser assim tratado e investigado por quem de direito.