Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
29 de Abril de 2004 às 13:37

A caminho da unidade empresarial

A nova confederação patronal que ontem nasceu, filha do casal AIP - AEP, foi imediatamente rotulada pela família mais chegada como extemporânea, ...

  • ...

A nova confederação patronal que ontem nasceu, filha do casal AIP - AEP, foi imediatamente rotulada pela família mais chegada como extemporânea, desnecessária e indesejável (sic).

Em suma, uma filha fora de tempo, destinada a ser amada apenas pelos pais e mais ninguém.

Prevê-se portanto mais um cisma na família dos empresários e uma infância bastante infeliz e acidentada para a nasciturna Confederação Empresarial Portuguesa (CEP).

Desde logo porque a CEP nasceu na exacta véspera do dia em que a CIP elege os seus órgãos sociais (uma notável coincidência) e porque está na cara que a CEP desafia, em primeiro lugar, a existência da CIP.

Basta lembrar que a CEP, embora uma outra, esteve para nascer aqui há uns largos meses mas de produção tripartida AIP - AEP - CIP.

Ora se o desentendimento de então impediu o nascimento da CEP e a CEP retorna agora sem a CIP mas com a AIP e a AEP, então fica provado que a CIP está destinada a sofrer com o evento. Até porque quer a AIP quer a AEP são estruturas filiadas na CIP e é certo que, mais tarde ou mais cedo, deixarão de o ser.

Também é certo que os líderes empresariais que imediatamente comentaram e desaprovaram a notícia do nascimento da CEP foram os representantes da CAP, da CCP, da CTP e da CIP, todos eles membros do Conselho Permanente da Concertação Social.

Lugares que estão naturalmente colocados em questão dada a ambição imediatamente manifestada por Ludgero Marques e Rocha de Matos de unificar a voz dos empresários e ganhar o assento devido na Concertação Social.

Mas é possível também que as primeiras reacções de desagrado se fiquem a dever mais à questão dos lugares e menos em relação às virtualidades potenciais da CEP.

Mas nesta questão da «concorrência» entre estruturas representativas a decisão mais importante está nas mãos da CIP e não da CAP, CTP e CCP.

Caso a CIP venha a aderir, a posição das restantes confederações ficará muito mais fragilizada.

Foi o próprio Van Zeller (CIP) quem disse, não há muitos dias e talvez já sabendo do avanço da AEP e AIP, acreditar na possibilidade de aproximação às outras confederações com assento na concertação (CCP, CTP, CAP) e às associações empresariais (AIP e AEP): «Primeiro, através de protocolos e consórcios e, depois, quem sabe, através do casamento».

E agora, confrontado novamente com a questão, repete a mesma fórmula de entendimento associativo passo a passo ao mesmo tempo que manifesta desconfiança em relação ao processo da sua constituição sem prévia discussão.

«Considero que [a nova confederação] trará uma grande confusão, pois quando nasceu não foi sequer plebiscitada junto dos diferentes associados», disse Van Zeller.

O presidente da direcção da CIP afasta assim o cenário de adesão imediata à CEP e argumenta ainda que 30 anos de história e muitos associados carecem de discutir o futuro com tempo e serenamente.

É assim evidente que qualquer que seja o futuro próximo da CEP a novel confederação coloca a CIP em cheque. Agora, o que já não é nada certo, é o papel do «Compromisso Portugal» no meio desta nova conjuntura.

Primeiro porque é conhecido que distintos elementos seus se escusaram a participar na lista de Van Zeller às eleições da CIP apesar de vários simpatizantes do movimento estarem nos órgãos sociais.

Depois porque está por conhecer (mas provavelmente já está pensado) quem irá liderar a CEP.

Através das palavras de Rocha de Matos e de Ludgero Marques ficámos a saber que, quer o facto de os estatutos não serem divulgados à comunicação social, quer o facto de os pais da CEP não terem avançado já com os nomes dos futuros dirigentes se prende com a vontade deliberada de criar entendimentos com as outras estruturas de empresários.

Já que a CEP ambiciona ser uma plataforma única de representação de todas as confederações. Assim sendo estão criadas as condições para tapar todos os caminhos ao «Compromisso Portugal» que agora fica impossibilitado de criar uma outra confederação e terá que negociar a sua entrada na CEP.

A iniciativa da AEP - AIP é pois uma jogada genial.

Oxalá os empresários portugueses tirem bom proveito desta nova realidade, de que Portugal está à espera há muito tempo.

Mais artigos de Opinião
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio