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A alquimia do sucesso no mundo empresarial moderno: interseções!

No mundo acelerado de hoje, gerir a interseção de cinco domínios - liderança responsável, inovação, transformação digital, sustentabilidade e centralidade no cliente - define o sucesso ou fracasso organizacional. Quando estes se cruzam, geram vantagem competitiva.

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Três pessoas entram num bar: um "techy" inovador, um especialista em sustentabilidade e um consultor de experiência do cliente. Discutem sobre o que realmente impulsiona o sucesso nas empresas. O inovador tecnológico defende que é a tecnologia de ponta, o especialista em sustentabilidade insiste que é este fator, e o consultor argumenta fortemente a favor da experiência do cliente e serviço. O "bartender", enquanto prepara as bebidas, sorri e diz: "Cada um tem a sua receita, mas o verdadeiro sabor só aparece quando se mistura tudo!". Tal como um bom cocktail, o sucesso não depende de um único ingrediente: tem de misturar os elementos certos na proporção perfeita. Mas quais são esses elementos nos dias de hoje?

Muitos de nós crescemos em negócios algo previsíveis, focando sempre em métricas como custos, investimentos, margens, vendas, EBITDA. Embora continuem a ser (muito) importantes, a complexidade aumentou, exigindo que os vários líderes nas organizações façam a gestão de mais variáveis de forma rápida e com direção estratégica. No mundo acelerado de hoje, gerir a interseção de cinco domínios - liderança responsável, inovação, transformação digital, sustentabilidade e centralidade no cliente - define o sucesso ou fracasso organizacional. Quando estes se cruzam, geram vantagem competitiva. Se estiverem desconectados ou isolados da execução estratégica e da agenda transformacional, mesmo as organizações mais fortes lutam para sobreviver (ninguém quer ser "a nova Kodak"!). Porquê? A liderança responsável orienta a inovação com propósito. A transformação digital acelera o impacto da centralidade no cliente. A sustentabilidade, quando vista pelas lentes certas, é um motor de criação de valor.

Se considerarmos a mudança com genuíno impacto como a única métrica de realização, então a gestão destes cinco domínios é a nova medida do sucesso. Empresas reconhecidas mundialmente estão continuamente a redefinir a experiência do cliente através de ecossistemas digitais integrados, promovendo também uma cultura de consciência de custos que permite reinvestir na inovação, demonstrando que o ritmo da inovação é uma vantagem competitiva.

O relatório Draghi sobre a competitividade da UE alerta que a velocidade da inovação é um fator crítico para evitar o declínio económico, e os diferentes enquadramentos regulatórios criam diferentes ritmos de adoção de soluções inovadoras. A UE posicionou-se como "líder global na proteção do consumidor e na sustentabilidade", no entanto, apenas 4% das empresas europeias consideram as regras do AI Act claras, enfrentando regulações mais rigorosas, custos mais elevados e oportunidades limitadas em comparação com outras regiões, segundo relatórios McKinsey e WEF.

Assim, surge a primeira interseção: sem inovação rápida, uma transformação digital eficaz é impossível. E sem transformação digital - que não é um projeto típico com um fim definido, mas sim um permanente estado de adaptação - a centralidade no cliente é (quase) inalcançável, já que é o catalisador que permite a inovação escalável e a implementação em larga escala da tecnologia (não apenas de IA!). Por outro lado, iniciar um processo de transformação digital requer líderes focados no propósito, no talento, na amplificação do impacto com sentido de urgência, e na construção de uma cultura colaborativa de sucesso todos os dias. A interseção com a liderança responsável torna-se, pois, evidente: transformar sem uma liderança orientada para o propósito convida ao caos organizacional.

Sabemos também que a inovação cria produtos e serviços que respondem às necessidades dos consumidores, e que as empresas de sucesso utilizam permanentemente dados para antecipar essas necessidades, facilitando a experiência e surpreendendo o cliente, potenciando desta forma o aumento de valor pela fidelização à marca, com mais vendas, durante mais tempo, com mais produtos/serviços. Aqui, a interseção com a liderança responsável é inevitável, porque a confiança do consumidor é um ativo precioso e frágil. E é precisamente nesta interseção que a transformação digital "alimenta" a centralidade no cliente, permitindo experiências personalizadas com clientes cada vez mais exigentes, com expectativas crescentes. Isto enquanto a liderança responsável estabelece limites éticos, pois como discutido em Paris na AI Summit, a adoção da IA levanta questões éticas e regulatórias complexas. Assim, a centralidade no cliente só é sustentável quando orientada por uma liderança responsável.

Por fim, mas não menos importante, a sustentabilidade é um imperativo em todos os quatro outros domínios, uma vez que a inovação sustentável, focada em iniciativas mais rápidas, de alto impacto, cria mercados e gera valor. Um bom exemplo foi recentemente partilhado pela Schneider Electric no estudo "AI-Powered HVAC in Educational Buildings: A Net Digital Impact Use Case", que registou uma redução de emissões de carbono de 65 tCO2e/ano em 87 escolas de Estocolmo, 60 vezes a pegada de carbono incorporada do sistema de IA instalado. Aliás, o território da transição energética está repleto de oportunidades para novas ofertas e formas de relacionamento com os clientes, criando valor também pela simplificação e customização.

"Velocidade" e "rapidez" são imperativos da gestão atual, e são importantes porque determinam o tempo. O tempo, que é o recurso mais escasso, não só para as pessoas, famílias, mas também para as empresas e países, é tipicamente subvalorizado. Contudo, sem uma liderança responsável a gerir, com foco e rapidez, estas interseções, a inovação pode tornar-se irresponsável, a transformação digital caótica, a sustentabilidade superficial e a centralidade no cliente uma invasão de privacidade.

Tendo em conta que "feito" é melhor do que "perfeito", no nosso mundo fragmentado, o sucesso pertence àqueles que conectam estes cinco domínios.

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