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12 de Março de 2010 às 11:50

A esquina do Rio

Esta semana ficámos a saber que a governação recente hipotecou o País por mais uma década. Feitas as contas haverá mais uma geração desprezada em Portugal, que irá certamente engrossar o rol dos novos emigrantes. Em qualquer caso existe...

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FUTURO - Esta semana ficámos a saber que a governação recente hipotecou o País por mais uma década. Feitas as contas haverá mais uma geração desprezada em Portugal, que irá certamente engrossar o rol dos novos emigrantes. Em qualquer caso existe um pano de fundo que ainda é pouco assumido, porque em geral não interessa a uma classe política desfasada da realidade e que vive de fazer promessas: o mundo mudou e não vai voltar a ser como era antes. Acabaram os tempos de facilidades e as projecções super optimistas.

TRUQUE - Não sei se já repararam mas é a segunda vez que Sócrates usa o mesmo truque: ganha eleições com um programa de promessas e depois subverte tudo o que anunciou e faz ao contrário. Em Setembro passado prometeu obras, manifestou-se optimista, subestimou os anúncios da gravidade da situação. Agora, faz tudo ao contrário, aumenta a despesa fiscal dos contribuintes, reconhece que tem que cortar investimento e concede que a situação é difícil. Ou seja, diz agora o que a oposição dizia em Setembro. Ganhar eleições a fugir à realidade é a nova forma de demagogia e está a matar a democracia - em políticos destes não se pode acreditar.

PEC - O caminho mais fácil é sempre aumentar a receita - vender anéis, cortar dedos, esfolar o parceiro, cortar investimentos. O que é curioso é que um Estado tão bom a captar mais receitas à custa da máquina fiscal não consegue um plano coerente de diminuição efectiva da despesa pública, nem consegue um plano eficaz que fomente o crescimento da economia. Assim, Portugal continuará adiado, com os contribuintes efectivos a pagarem cada vez mais ao Estado e com as empresas e o País a perderem competitividade.

CONGRESSO - Neste fim-de-semana, o PSD reúne-se num Congresso cujo desfecho, nesta altura, é imprevisível, tão imprevisível como uma situação política onde todos falam de mudanças, onde ninguém quer ouvir falar em novas eleições e onde a produção de tabus variados se tornou na indústria em maior expansão em todo o País. O PSD precisa de ter um candidato a primeiro-ministro, precisa de apresentar medidas exequíveis e concretas e precisa de clarificar o seu posicionamento. Sem estas três coisas não conseguirá assumir--se como alternativa. A ver vamos como corre este primeiro "round" antes das directas. Neste momento, a dúvida maior é saber o que poderá acontecer de inesperado - porque o guião inicial de certeza já não vai ser seguido à letra.

CULTURA - Na edição de Março da revista "L+Arte" a Professora Raquel Henriques da Silva escreve um exemplar artigo intitulado "Contra o Novo Museu dos Coches", onde explica como também na área da política cultural há obras públicas desnecessárias e perdulárias. Recomendo o artigo, e aqui deixo um excerto: "O orçamento previsto para o novo Museu dos Coches é de 36 milhões de euros (…) É uma verba considerável, cuja utilização na edificação de um museu, que não é nem uma necessidade nem uma prioridade, é uma dolorosa provocação às imensas carências do sector (…) Em vez de obra nova (muito novo-rica e solidamente defendida pelo poderoso "lobby" dos arquitectos), os recursos deviam ser canalizados para a requalificação, para o cumprimento de necessidades urgentes que há muito estão inventariadas e para se pensar os museus do País…"

FICA - Há duas semanas questionava aqui em que situação estaria o Fundo de Investimento no Cinema e Audiovisual (FICA). Hoje sabemos que está efectivamente parado, sem entidade gestora, com dívidas acumuladas e a provocar já situações preocupantes numa série de produtoras. A muito anunciada política do investimento no audiovisual resumiu-se afinal a mais uma trapalhada criada pelo Ministério da Cultura.

LER - O escritor e arquitecto paisagista Júlio Moreira lançou mãos à obra e fez uma nova edição da sua "Grande Viagem dos Homens através do tempo e do espaço", desta vez com ilustrações de Andreas Stocklein e chancela da Guimarães. Usualmente apresentado como um livro para adolescentes, esta história breve da evolução da raça humana é na verdade um livro bem útil nestes tempos conturbados - obriga-nos a revisitar conceitos, princípios e factos que muitas vezes esquecemos no dia-a-dia, desde as origens do universo até às origens das lutas pelo poder. É um daqueles livros que apetece ter à mão para, de vez em quando, relembrar como as coisas são de facto.

OUVIR - O pianista Bernardo Sassetti recriou o trio que tinha feito há uma dúzia de anos com o baterista Alexandre Frazão e o contrabaixista Carlos Costa e o resultado, o CD "Motion", agora editado, é surpreendente. Destaco em primeiro lugar a contenção dos músicos, o seu sentido de improvisação e a forma como conseguem criar um clima de tensão sonora, arrebatador do princípio ao fim. O disco passa por originais feitos por Sassetti para bandas sonoras e revisita temas pop e clássicos, mas no fundo assume-se como um objecto sonoro concebido para estimular o pensamento e a imaginação. CD Clean Feed

NAVEGAR - Interessa-se por "branding", pela discussão em torno do valor das marcas? Por tendências? Então experimente visitar www.branding.blogs.sapo.pt e descubra sugestões de leituras, resumos de análises e conferências e ainda comentários sobre tendências.

PROVAR - As flames são um petisco originário da Alsácia que podem ser brevemente descritas como uma espécie de pizza, só que mais finas, com menos gordura, e rectangulares em vez de redondas. A massa é diferente, mais leve, e os ingredientes são variados. Há pouco tempo abriu na Rua do Alecrim o restaurante Storik, que introduz as flames em Lisboa. O ambiente é simpático, as salas são agradáveis e as flames são engraçadas - no caso provei uma de salmão, anchovas e alcaparras que estava bastante boa e uma de maçã e morcela que era apenas curiosa. Embora diligente, o serviço é lento e um bocadinho descoordenado - demorado até se a escolha recair fora do mais trivial. A lista das cervejas disponíveis é boa e inclui a grande Grolsch - não estamos felizmente no mundo da ditadura da monomarca que as cervejeiras nacionais impuseram a alguma restauração. O Storik desdobra-se em bar fora das horas de almoço e jantar (e há noites temáticas com poesia, humor e música) e ainda um bom local para lanchar scones ou bolas de Berlim. Rua do Alecrim nº 30, telf 216 040 375, www.storik.pt.

BACK TO BASICS - O verdadeiro poder não se revela por atitudes duras e frequentes mas sim por falar verdade e agir em função disso - Honoré de Balzac.

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