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23 de Dezembro de 2010 às 11:48

A esquina do Rio

Os debates televisivos entre os vários candidatos presidenciais estão a ser o "flop" do ano.

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Presidenciais
Os debates televisivos entre os vários candidatos presidenciais estão a ser o "flop" do ano. Discursos redondos, manifesta falta de ideias, mero aproveitamento de oportunidade propagandística, há de tudo um pouco. O outro lado da evidente falta de interesse tem a ver com uma questão de fundo: os cidadãos afastam-se da política e a culpa não é certamente deles, mas sim dos políticos que prometem uma coisa e fazem outra, eleição após eleição.

No caso concreto do Presidente da República a situação é agravada pelo descrédito em que a função tem caído - os estranhos e oscilantes mandatos de Jorge Sampaio ajudaram a denegrir a função, e este mandato de Cavaco Silva, que correu entre a crise e o silêncio, foi tudo menos empolgante. Não deixa de ser irónico que no centenário da República a eleição para Presidente esteja a ser tão apagada e tão pouco mobilizadora.

Alguma coisa está mal, profundamente mal, em todo este sistema cada vez mais desfasado da realidade. Depois, claro, há oportunismos políticos que agravam tudo isto: como se pode acreditar num candidato, como Manuel Alegre, que está atado nas críticas ao Governo pelo facto de ser o candidato oficial do PS, e que não diz uma palavra sobre formas de sair da crise?

Lisboa
Dos filmes de Vasco Santana e António Silva ficam-nos na memória personagens como o Costa, do Castelo. Infelizmente agora o Costa é outro - tem pouco humor e muita malandrice. Especializou-se em cobrar taxas e mais taxas a quem gosta de viver em Lisboa. O Costa, da Câmara (um apoiante de Alegre, claro) cobra taxas do subsolo e agora quer aplicar taxas para a protecção civil e bombeiros. Por acaso quem vive em Lisboa já cá paga IRS, já paga a contribuição autárquica e as receitas arrecadadas deviam ser para fazer funcionar os serviços da cidade. Mas não - as taxas são para a máquina burocrática da Câmara. Os serviços básicos e de emergência, esses, ficam a descoberto. O que o Costa, da Câmara, anda a fazer é um abuso e dos grandes - anda a meter-nos a mão nos bolsos - nas próximas eleições lembrem-se disto. Lisboa está cada vez pior, o incentivo para cá viver é cada vez menor.

É uma pena, mas é assim. E enquanto isso o centro da cidade vai definhando e ficando cada vez mais deserto. O ponto é este: a protecção e o funcionamento de uma cidade fazem parte da razão de ser de pagarmos impostos - cobrar mais taxas pelos serviços básicos é abuso e nada mais.

Ver
Até 23 de Janeiro, no Museu da electricidade, junto ao Tejo, a Fundação EDP apresenta "As Cidades de Vieira da Silva e Arpad Szenes", num bem sucedido esforço de complementaridade em relação à Trienal de Arquitectura. Através de 58 obras das colecções da Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva, Metropolitano de Lisboa e de uma colecção particular, traça-se um percurso de observação do espaço urbano e da presença das pessoas nesse mesmo espaço. Como curiosidade, algumas destas obras são agora expostas pela primeira vez. De terça a Domingo, entre as 10 e as 18h00.

Arco da Velha
A notícia é de estarrecer: PS e CDS receberam a dobrar reembolso do IVA relativo a despesas de campanha eleitoral, apenas porque os serviços que deviam ser competentes não detectaram que existia uma duplicação.

Compras
Quem por estes dias for a um supermercado fazer compras do Natal vai ficar espantado como há tão pouca coisa produzida em Portugal. De figos secos a guloseimas, de frutas variadas a congelados, cada vez há menos produtos cultivados, transformados e embalados em Portugal. Deixámos de ser um país produtor, mesmo nas coisas onde tínhamos tradição. Um dos efeitos perversos da política europeia foi este de destruir a capacidade agrícola dos pequenos países e de fomentar a exportação pelos grandes produtores. Agora, os grandes países apontam-nos o dedo porque nos endividámos para lhes fazer compras - em tudo, da indústria à agricultura. A utopia europeia revelou-se uma perigosa forma de acentuar as diferenças entre os mais ricos e os mais pobres. Apenas os ingénuos acreditam que em Berlim e Paris há quem pense no bem comum. Como sempre, cada um faz por si, à custa dos outros. É uma história que tem séculos.

Pergunta
Donde vem tanta euforia com os sucessos da educação se esta semana foram revelados estudos que indicam que em 45% das escolas os resultados são fracos relativamente ao insucesso escolar?

Ler
A edição de Janeiro da revista norte-americana "Vanity Fair" tem na capa uma extraordinária fotografia de Johnny Depp, executada por Annie Leibowitz. O mais curioso é que a entrevista a Depp é feita por Patti Smith, sim, a mesma que canta e toca. E é uma bela entrevista, a propósito do filme "The Tourist", protagonizado por Depp. Outro ponto de interesse nesta edição é um belo artigo sobre a vida de Jacqueline Onassis enquanto editora de livros, com algumas revelações curiosas sobre a forma como ela organizava o seu dia-a-dia no mundo da edição livreira.

Registo
"Femina", de Legendary Tiger MAN, aliás Paulo Furtado, está entre os melhores do ano da revista francesa "Les Inrockcuptibles". Merece. Já agora, para a mesma publicação, o melhor disco de 2010 foi "Suburbs", dos Arcade Fire. Para mim, também.

Ouvir
Chet Baker começou por ganhar fama graças a uma versão de "My Funny Valentine" que o então jovem trompetista gravou em 1952, inserido no quarteto de Gerry Mulligan. Uns anos mais tarde, em 1958, Chet Baker grava para a etiqueta Riverside um disco em que aparece primordialmente como cantor - "Chet Baker Sings". Baker tem uma voz envolvente e um estilo vocal descontraído, mas sedutor. Chet costumava dizer que ele próprio não sabia se era um trompetista que cantava ou um cantor que tocava trompete. O disco adensa a dúvida - mas é um exercício de criatividade vocal e um dos momentos altos da sua carreira, agora remasterizado digitalmente, e com a inclusão de quatro extras em relação aos dez temas da edição original. "It Could Happen To You" - Chet baker sings, CD Riverside/Universal, na FNAC.

Provar
Se um dia destes lhe apetecer ouvir música africana, acompanhada por boa moqueca de camarão, muamba ou cachupa, o destino pode ser a Casa da Morna, na Rua Rodrigues Faria 21, a Alcântara. Nas noites de quinta-feira Tito Paris está por lá - é um dos sócios da casa. Sala ampla, mesas confortáveis, bom som. Telefone 213 646 399.
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