Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião

Tudo o que os touros precisam em 2017

Volume. Algo essencial que apareça em 2017. Mas isso só acontece com o regresso dos estrangeiros ao nosso mercado.

  • ...
Escrevo sobre Bolsa há 18 anos e o ano que terminou foi, provavelmente, o ano mais desinteressante que me recordo na praça portuguesa. Quedas, fraco volume e baixa volatilidade são algumas das características de um mercado aborrecido e deprimente.

Passei todo o ano de 2016 pessimista em relação à nossa Bolsa, mas gosto sempre de frisar que as quedas não duram para sempre e chegará o dia em que um novo "Bull Market" surgirá. Só que não houve ainda qualquer sinal nesse sentido e, enquanto tal não suceder, despir o fato de urso seria mais uma questão de gosto de pessoal do que de uma decisão racional.

O que é que 2017 nos tem que trazer para que os touros possam acreditar no regresso de um "Bull Market"? É a resposta a esta questão que o artigo de hoje pretende dar, colocando uma série de cenários que seriam importantes para os touros verem concretizados para poderem acreditar numa inversão deste domínio dos ursos.

Por mais paradoxal que possa parecer, considero que um aumento do cepticismo e do pessimismo seria fundamental para uma inversão do mercado. Nenhum "Bull Market" começa sem que os níveis de pessimismo e descrença estejam em valores muito elevados. Foi, aliás, a observação desse sentimento extremo que me levou a ficar optimista no Verão de 2012, no arranque do último "Bull Market". O simples facto de ter escrito esse artigo levou a uma série de reacções violentas contra o que escrevi, mostrando bem o quão pessimista estava a maioria. Portanto, o que os touros devem desejar para 2017 é a Imprensa dedicar muitas páginas às perdas na Bolsa e os "Telejornais" abrirem com o mau momento da Bolsa portuguesa.

O exemplo mais flagrante de como a esperança ainda está presente em muitos investidores é o BCP. Continuo a ver inúmeros pequenos accionistas a manter as suas acções, defendendo que o futuro vai ser risonho. Isto depois do BCP ter perdido 90% do seu valor em apenas 2 anos e meio e estando no valor mais baixo da sua História! Como venho defendendo há alguns meses, enquanto o espectro do aumento de capital não desaparecer, nenhum comprador forte entrará na acção. Por isso, é preferível que rapidamente o BCP anuncie o aumento de capital porque, mesmo que provoque um choque no curto prazo, libertará as nuvens negras e poderá ajudar numa recuperação. O adiamento de tudo isto tem sido uma má estratégia de Nuno Amado. A ruptura da resistência na zona dos 1,35 euros libertaria a acção do inferno.

Os touros sonham que apareçam algumas OPA na Bolsa portuguesa. Não apenas porque, normalmente, resultam na subida das cotações mas porque sinalizariam que os grandes investidores começam a percepcionar que os preços estão apelativos.

Para 2017, era importante que a Sonae confirmasse os ténues sinais de força que deu no final de 2016. É a acção que, historicamente, tem um comportamento mais semelhante ao PSI e, se quebrar a decisiva zona de resistência entre os 0,9 e os 0,95, dará não apenas um sinal de força para ela própria, como para a Bolsa portuguesa em geral. Para começar bem o ano, era importante que o PSI quebrasse a resistência entre os 4800 e os 4850 pontos. Não é a grande fronteira mas abriria espaço para subidas e seria o primeiro sinal forte.

Volume. Algo essencial que apareça em 2017. Mas isso só acontece com o regresso dos estrangeiros ao nosso mercado e, para isso, é preciso confiança. Não apenas na nossa Economia mas também na nossa Bolsa. Quando temos o principal índice da nossa praça a chamar-se PSI20 e com apenas 17 acções e uma "espécie de acção" (Montepio) diz muito da pouca credibilidade do nosso mercado. Ou se colocam 20 acções no PSI ou se se entende que não têm liquidez suficiente que se tenha a coragem de se mudar o nome do índice. Manter o estado actual que já se prolonga há muito tempo é continuar a cavalgar a sepultura da nossa Bolsa.

Os "Bear Markets" não duram para sempre. Alguns duram longos anos, outros são mais breves. Mas temos que estar preparados para quando eles terminarem. Por isso, continuo o mesmo chato pessimista mas sei que um dia, qual camaleão, irei transformar-me de urso em touro, qual metamorfose. Que 2017 me faça mudar de fato e de estado de espírito!




Nem Ulisses Pereira, nem os seus clientes, nem a DIF Brokers detêm posição sobre os activos analisados. Deve ser consultado o disclaimer integral aqui


Analista Dif Brokers
ulisses.pereira@difbroker.com

Comente aqui o artigo




Saber mais Ulisses discos pedidos
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio