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Assim, não vamos lá…

O estudo recente da OCDE sobre a mobilidade social traduziu em números alguns aspetos que nos permitem ter uma melhor perceção da lentidão do "elevador social" em Portugal e da dificuldade de entrar nele.

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De entre diversas conclusões, destaca-se a questão de que é difícil e demorado conseguir que pessoas pobres melhorem as suas condições económicas.

 

Uma primeira ilação poderia ser que não há a "cultura" em Portugal do "sonho americano", em que pessoas pobres têm acesso a oportunidades para se tornarem multimilionárias. Contudo, com base nestes resultados, os EUA estão empatados com Portugal em relação ao número de gerações que uma família pobre demora a chegar à classe média. Talvez afinal o "american dream" seja uma questão de perceção que os políticos americanos gostam de vender, baseada em poucos exemplos de pobres que ficaram "brutalmente" ricos (por exemplo, Larry Ellison, da Oracle, e Jan Koum, co-fundador do WhatsApp, com uma fortuna de 55,6 e 9,1 mil milhões de dólares, respetivamente, claramente superior à da família portuguesa mais rica - Amorim - com quase 4,5 mil milhões de dólares).

 

Mas há outras questões que são muito relevantes. A primeira é a da baixa mobilidade em termos de educação face ao montante do investimento público em percentagem do PIB (esse investimento em Portugal é superior à média da OCDE - o que pode ser visto como estando a ser mal gerido face aos resultados menos positivos, mas também não podemos esquecer que a base do nível de escolaridade é baixa e que o nosso PIB também é baixo face à média da OCDE, o que implica a necessidade de um maior investimento em percentagem do PIB na nossa educação). Mas temos de trabalhar ainda melhor a educação das crianças portuguesas!

 

Outra questão tem a ver com o impacto negativo muito elevado no rendimento após o nascimento de um filho, que é elevado para os portugueses (quatro vezes maior do que nos americanos). Obviamente, isso também ajuda a explicar a baixa natalidade em Portugal.

 

A discussão da questão da natalidade levantada há duas semanas por Rui Rio e o PSD torna-se premente, não só pelos problemas da sustentabilidade demográfica e económica, mas também por esta questão do impacto muito negativo nos rendimentos dos pais. Aproveite-se pois esta "embalagem" do PSD e o empenho de outras organizações (incluindo o Governo, que se mostrou aberto a tal) para discutir a sério este tema que penso irá ser o mais relevante para o futuro do nosso país no longo prazo!

 

Pois, assim como estamos, não vamos lá!

 

Gestor e docente convidado do ISCTE-IUL

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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