Zig Zag

A principal ideia do novo livro de Keith Sawyer adquire-se no prefácio. É daqueles livros que acrescentam valor ainda antes de os começarmos a ler. O autor lembra-nos que a criatividade não depende de uma ideia brilhante única, mas é o resultado de uma forma de vida.

É aqui que pousamos o livro, para pensar. É neste momento que reflectimos, que fazemos a ponte com a nossa vida, com as nossas empresas. São assim, os livros que nos acrescentam valor: fazem-nos pensar, obrigam-nos a questionar, impelem-nos a superar.

O autor propõe então um "framework" para a gestão da criatividade, muito alinhado com o que já tinha sugerido no seu livro anterior, mas mais completo.

Embora pareça estranho tratar a criatividade com um "framework" - até porque a existência de um modelo é a antítese da anarquia a que os mais criativos tendem a procurar - vale a pena ler.

Como colocar as perguntas correctas é o primeiro e mais importante passo deste modelo, a que se junta uma série de propostas de sugestões alinhadas com o princípio de manutenção de uma procura constante de novas ideias, que depois se procura combinar, melhorar e filtrar até ao resultado final, como num laboratório que alimenta uma cozinha, onde depois se fabricam os novos produtos e serviços.

O livro não nos ensina nada que já não soubéssemos realmente, mas dá-nos uma perspectiva diferente sobre a organização que é necessária para manter altos índices de criatividade em organizações que não sejam start-ups acabadas de nascer. Faltam apenas dois contrapesos evidentes, mas pouco presentes, o do espaço livre que é preciso dar àqueles de quem se espera novas ideias e a falta de um estudo rigoroso de tendências, essencial ao contexto para a criatividade.

Docente do IPAM e Porto Business School