Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
22 de Fevereiro de 2013 às 00:01

O exemplo de Vanessa

Uma das mais interessantes entrevistas da imprensa portuguesa, na opinião do colunista, foi concedida por Vanessa Fernandes ao "Expresso" há um par de meses. Vanessa pode ser um exemplo para todos por várias razões. Por ter atingido o zénite; por ter caído dele; por estar de regresso – ou pelo menos por estar a pensar no regresso. O seu caso é exemplar não só para o mundo do desporto, mas também para o da gestão e para o das organizações em geral, por diversas razões.

  • ...

Primeiro, por ilustrar que a questão não é saber se um dia se cairá ou não. O importante é saber o que fazer depois de cair. Todos temos momentos bons e momentos maus. A vida é assim e não há como ignorá-lo ou como escapar a esta regra. A questão crítica está pois em saber reagir à adversidade.

Segundo, quando alguém cai, é sempre grande o contingente de infalíveis que se apressam a criticar. A Internet, por proporcionar um "escurinho" encorajador, potencia o tamanho do exército de infalíveis. Por isso, aqueles que se destacam, como Vanessa, são tendencialmente alvo da má-língua e do prazer perverso da "schaudenfreude". É a vida, como alguém disse um dia.

Os momentos da queda são aqueles em que se revela a resiliência, a capacidade de emergir mais forte depois da crise: "Não é saudável para mim falar nisto. Digo-lhe apenas que aquilo por que passei fez-me crescer e fazer-me ver que, mesmo quando tudo vai abaixo, eu consigo levantar-me". Os resilientes dobram, mas não partem. No requebro, não estão vencidos: estão a ganhar forças para o regresso.

Os resilientes mobilizam recursos sociais para se fortalecerem. Recorrem ao capital social, relações que podem ser ativadas como recursos. Usam-nas como alavancas. Não se vêem como vítimas: "não me faça passar por coitadinha", pede ao entrevistador. Os que se vêem como vítimas são, antes de mais, vítimas de si próprios. Encontram refúgio no conforto desculpabilizador. Consideram que outros controlam o seu destino. Ora, como insistia Jack Welch, uma permanente fonte de inspiração, quem não controla o seu destino pede a outros que o façam por si.

Finalmente os resilientes mantêm o realismo e fincam os pés na terra. Olham para o futuro e não para o passado. Mas temperam-no com paixão: "quando tenho um objetivo não vejo nada à volta".

A entrevista de Vanessa é pois um exemplo. De uma campeã que está de volta à luta. Pode ganhar ou não ganhar mais títulos, mas o primeiro sinal de um campeão está na atitude. Para estes tempos, talvez a atitude de Vanessa possa ser uma inspiração para aqueles que competem noutros terrenos que não o olímpico.

Para continuar a desenvolver o tema:

Zolli, A. & Healy, A.M. (2012). "Resilience: Why things bounce back". London: Headline.

*Professor na Nova School of Business and Economics

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio