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Luís Marques Mendes 25 de Novembro de 2018 às 21:05

Marques Mendes: Os melhores e piores ministros

As notas da semana de Marques Mendes nos seus comentários na SIC. O comentador fala sobre os 3 anos de Governo, as relações Portugal-Angola e a tragédia de Borba.

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TRÊS ANOS DE GOVERNO

 

MELHORES MINISTROS

 

  • Mário Centeno – Saiu melhor que a encomenda. A par do PM, é o grande trunfo do Governo. Dá-lhe credibilidade, contas certas e prestígio na Europa e nos mercados.

 

  • Santos Silva – É o Ministro com mais peso político junto do PM e aquele que tem o pensamento político mais sólido e estruturado.

 

  • Maria Manuel Leitão Marques – Sempre discreta e sempre a marcar pontos. Ainda esta semana, pela sua mão, Portugal entrou para o Club D9 (o clube dos 9 países mais avançados do mundo no governo digital).

 

  • Vieira da SilvaO Ministro insubstituível em qualquer governo PS. Pode ser o Ministro das Finanças do próximo Governo.

 

  • Matos Fernandes – É uma das maiores revelações deste Governo. Dos poucos que têm espírito reformista. E agora reforçado com a área da energia.

 

MINISTROS QUE SATISFAZEM

 

  • Capoulas SantosUm Ministro que Satisfaz Mais. Praticamente dos melhores. É experiente e competente. Tem o sector sossegado e fez a importante reforma florestal.

 

  • Pedro Siza VieiraTem grande peso junto do PM. Mas falta-lhe ainda uma decisão marcante para estar entre os melhores.

 

  • Eduardo CabritaMuito melhor no MAI do que antes como Ministro Adjunto. E pode vir ainda a subir na escala.

 

  • Francisca Van Dunen – Uma magistrada muito competente. Mas em termos de resultados fica aquém das expectativas inicialmente criadas.

 

  • Pedro Marques – Começou bem mas ultimamente acumula várias desilusõesatrasos nos Fundos e no novo aeroporto; falta de investimento nos comboios.

 

  • Ana Paula Vitorino – É uma técnica competente. Mas tarda em deixar uma marca na sua governação.

 

MINISTROS QUE NÃO SATISFAZEM

 

  • Manuel Heitor – Prometeu muito à partida mas à chegada acumula problemas, desilusões e grandes descontentamentos nos sectores que tutela.

 

  • Tiago Brandão Rodrigues – É um Ministro muito querido na geringonça mas um mal-amado no país. Melhor a investigar que a governar. Erro de casting.

 

MAIS QUE MINISTRO

 

  • Pedro Nuno Santos – Tem um peso político superior à maior parte dos ministros e um papel decisivo na coordenação parlamentar da coligação. É dos poucos que têm um pensamento próprio e apoios fortes no PS. Será sempre leal ao PM e muito provavelmente o sucessor de António Costa no PS.

 

SECRETÁRIOS DE ESTADO EM DESTAQUE

 

  • Mariana Vieira da Silva – Uma jovem de talento em ascensão.
  • Ana Mendes Godinho – Uma das boas revelações do Governo
  • Alexandra Leitão – Pode ser a futura Ministra da Educação.
  • Cláudia Joaquim – Pode substituir Vieira da Silva se este transitar para as Finanças.
  • Mourinho Félix – Não será fácil ser MF, mas deixa uma marca neste mandato.

 

O LÍDER

 

  • António Costa
  1. É o grande abono de família do Governo e tem feito história. Perdeu as eleições mas foi PM. Construiu uma solução inédita de Governo. Vai cumprir os quatro anos da legislatura. E deixa o país com o défice mais baixo de sempre em democracia. É obra!
  2. Foi o grande salvador político do PS. Se não fosse o seu talento político – e a ajuda inestimável do PCP e do BE – o PS passaria oito anos seguidos na oposição e provavelmente estaria hoje num estado semelhante ao do PSD.
  3. Falta agora saber como será no futuro, governando com menos facilidades, em tempo de "vacas mais magras" e já sem o contraste com o ciclo da troika.

 

PONTOS POSITIVOS E PONTOS NEGATIVOS DO GOVERNO

 

PONTOS POSITIVOS

 

  • Estabilidade política – Uma mais-valia desta solução governativa.
  • Redução do défice – A grande conquista histórica deste Governo.
  • Crescimento da economia – Um marco importante, embora à boleia da Europa.
  • Devolução de rendimentos – Uma medida justa, apesar do calendário arriscado.
  • Reforço do sistema financeiro – Uma acção certeira.

PONTOS NEGATIVOS

 

  • Tiques de arrogância – São vários e podem comprometer a ideia da maioria absoluta.

 

  • Má gestão das questões de Estado (Tancos e fogos) – O grande falhanço.

 

  • Fraca redução da dívida pública – É a grande oportunidade desperdiçada.

 

  • Ausência de medidas de fundo – Reformar não é a imagem de marca do Governo.

 

  • Crescimento económico aquém do desejável – A maior parte dos países que competem connosco na Europa cresceu mais do que Portugal.

 

 

Quatro conclusões:

  • Primeira: o Governo surpreendeu positivamente na estabilidade e no défice.
  • Segunda: fez os serviços mínimos na economia.
  • Terceira: tem tido condições excepcionais para governar, incluindo o apoio do Presidente da República e o mau estado do PSD.
  • Quarta: se não conseguir uma maioria absoluta em 2019, é mesmo só por culpa própria, por falta de competência ou por aselhice política. Nestas condições, falhar a maioria absoluta é como no futebol falhar um penalti. Pode acontecer, mas é normalmente por culpa de quem falha.
  • Hoje, o PS, pela voz de César, assumiu pela primeira vez o que eu antecipo há meses: que o PS quer maioria absoluta. Assim, tudo é mais transparente.

 

AS RELAÇÕES PORTUGAL – ANGOLA

 

  1. quatro conclusões essenciais da visita de João Lourenço a Portugal:
  2. Primeira: no plano político. Normalizou em definitivo as relações Portugal/Angola.
  3. Segundo: no plano da imagem. A imagem de Angola em Portugal está a mudar para melhor. Na opinião pública, o Presidente João Lourenço é o grande autor desta mudança. Pelo seu estilo directo e frontal. Pela sua corajosa cruzada contra a corrupção.
  4. Terceiro: no plano económico.
  • Angola precisa de investimento rápido. Tem de ter resultados no espaço máximo de 2 anos. Se não tiver, a população revolta-se.
  • Quem lhe pode garantir esse investimento rápido? Os portugueses. São os que lá estão e os que conhecem melhor Angola.
  • Os chineses, americanos, franceses ou alemães prometem mas demoram tempo a agir.
  • A palavra, agora, é dos portugueses. Se tiverem visão e capacidade para investir, este é o momento. Angola precisa de Portugal.
  1. Quarto: a grande novidade concreta desta visita – Angola não vai sair do BCP. Acaba com um tabu que existia. Mostra confiança no potencial do Banco. Afirma-o como instrumento essencial para a relação dos empresários portugueses e angolanos no investimento em Angola.

 

  1. Fora isto, como está Angola? As mudanças são cosméticas ou de fundo? Mais do que mudanças de fundo, o que está a suceder em Angola é uma "revolução tranquila".
  • No plano económico, está em passo acelerado a instalação de uma economia de mercado;
  • No plano político, há vários sinais positivos no sentido da liberdade de imprensa, da independência da justiça e do combate à corrupção;
  • No plano simbólico, temos, de um lado, o povo feliz e a dispensar um apoio brutal a João Lourenço; do outro lado, o regime antigo está em desespero mas perdido e várias elites estão preocupadas, com receio de investigações e do repatriamento de capitais. É o preço a pagar por uma mudança profunda e necessária.
  • Em conclusão: João Lourenço é uma estrela em ascensão. Não apenas pela popularidade, mas sobretudo pela surpresa – coragem e risco, combate à corrupção, economia de mercado e democracia liberal.

 

A TRAGÉDIA DE BORBA

 

  1. Somos um país de contrastes. Organizamos a Web Summit – o expoente máximo da modernidade tecnológica – e ao mesmo tempo deixamos colapsar uma estrada e matar pessoas, sinal maior de atraso e de subdesenvolvimento.

 

  1. Mais um caso a revelar a falência do Estado. Um caso que prova quatro coisas:
  • Primeiro – Que falta investimento público;
  • Segundo – Que somos bons a fazer obra pública nova, mas falhamos sempre na conservação da obra pública que já existe.
  • Terceiro – Que descuramos permanentemente a função de fiscalização.
  • Quarto Que temos prioridades invertidas. Somos capazes de passar um tempo imenso a discutir o IVA das touradas (como se fosse uma questão essencial do país) e só discutimos o que é essencial (como a segurança das nossas infraestruturas) quando há uma tragédia.

 

  1. Neste caso, tem de haver, evidentemente, responsabilidades:
  2. Por um lado, responsabilidades criminais. O Ministério Público abriu, e bem, uma investigação. Esta é a responsabilidade subjectiva.
  3. Por outro lado, responsabilidades políticas. A responsabilidade objectiva.
  • Quando caiu a Ponte de Entre-os-Rios, demitiu-se o então Ministro Jorge Coelho, num belo exemplo de responsabilidade política.
  • Se a estrada que colapsou em Borba fosse uma estrada nacional, todos nós estaríamos, em coerência, a exigir a demissão do Ministro da tutela.
  • Como a estrada é municipal, colapsou e deu origem a uma tragédia, a primeira responsabilidade é do Presidente da Câmara de Borba, que deve demitir-se de imediato. Já o devia ter feito.
  • Quem está no topo da hierarquia, quem tem o poder de fechar ou não fechar a estrada, tem de assumir a sua responsabilidade política, sobretudo quando está em causa a segurança dos cidadãos. É-se Presidente para os bons e maus momentos.
  • E, neste caso, com uma agravante: o Presidente da Câmara sabia há vários anos que havia este risco. O jornal online Observador divulgou uma acta da AM de Borba, de 27 de Dezembro de 2014, onde se prova que o autarca foi avisado e desvalorizou o facto.

 

  1. Finalmente, a responsabilidade é municipal mas a tragédia envolveu o país. Assim, o Governo, que é do país, podia e devia ter agido de modo diferente.
  • O PM ou algum Ministro devia ter ido a Borba, como foi o PR;
  • O PM devia ter falado logo no primeiro dia, como fez o PR;
  • O PM devia ter falado, quando falou no 3º dia, com afecto, com humanidade e com solidariedade em vez da frieza e do calculismo político habitual: "o Governo não tem culpa".
  • O que choca no PM é isto: mesmo perante uma tragédia, ele é frio e calculista. Só vê política mesmo quando morrem pessoas.
  • E, quanto a indemnizações, a responsabilidade, ao contrário do que diz o PM, é sempre do Estado: central ou local. Mas é Estado. 
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