Opinião
Queremos o segredo do Sporting
Os dois mais jovens candidatos ficaram em primeiro lugar, destronando velhas e conhecidas caras como Dias Ferreira ou Ricciardi. Ideias novas, energia e vontade que vão faltando por outros lados.
A FRASE...
"Frederico Varandas, de 38 anos, eleito para um mandato de quatro anos, ganhou com 42,32% dos votos."
Negócios 9 de setembro de 2018
A ANÁLISE...
Como bom benfiquista não acompanhei com muito interesse a campanha eleitoral, mas fiquei de alguma forma surpreendido com o resultado.
Primeiro a forma como foi mais fácil a José Maria Ricciardi ser eleito o melhor banqueiro europeu em 2016, pela World Finance, do que conseguir 15% dos votos num clube com sérios problemas financeiros.
Segundo e mais importante, a renovação desejada pelos sócios do Sporting. Os dois mais jovens candidatos ficaram em primeiro lugar, destronando velhas e conhecidas caras como Dias Ferreira ou Ricciardi. Ideias novas, energia e vontade que vão faltando por outros lados.
Será que é um prenúncio do que poderia acontecer a nível nacional? Na nossa política doméstica as mesmas caras repetem-se e não mostram vontade de largar o palco. Por outro lado, os mais jovens parecem alheados, ao contrário dos candidatos ao Sporting. Nas recentes eleições para líder do PSD o despique foi entre sexagenários que nada trouxeram de novo, algumas ideias repisadas e o mesmo tom de voz de há 30 anos. Um deles quer lançar um partido novo, com certeza inovador e fresco, exceto no protagonista. Por onde andavam os jovens? Esses que apareceram no Sporting e o conquistaram? Onde está o espírito de mudança que apenas poderia ser protagonizado por quem tenha ideias de rutura, de combate ideológico sério e sem medo? O Bloco de Esquerda fez isso com muita tranquilidade. Fazenda, Louçã, Rosas, etc., abriram caminho ao dinamismo de uma nova geração, mudando o embrulho, mesmo porque as ideias, gastas de 150 anos, não apresentam nenhuns casos de sucesso em nenhum lado. O PS e o CDS têm apostado em líderes jovens, se comparados com os restantes partidos.
Pena que a maioria dos jovens dos partidos sejam velhos de combate partidário. Aprenderam com os mais velhos os tiques e as formas de fazer política que lembram as tiradas de Eça de Queiroz nos finais do século XIX.
O que falta para trazer os realmente novos e descomprometidos para a política, como o Sporting soube fazer? Nenhum dos seus candidatos jovens fez alguma vez parte da estrutura diretiva do clube. São verdadeiramente novos e diferentes com vontade e energia para tirar o clube do marasmo e do atoleiro. Portugal também precisava…
Artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
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