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26 de Maio de 2020 às 10:40

O mundo em 2021

E o que têm feito os Bancos Centrais? O mesmo desde a quebra das “dot-com” e a cada crise bolsista ou económica, baixar juros para níveis já sem folga para combater uma crise séria como esta.

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A FRASE...

 

"A dívida pública portuguesa atingiu 120,3% do PIB em março." 

 

ECO, 21 de maio de 2020

 

A ANÁLISE...

 

O ano de 2019 já não tinha acabado bem, com as principais economias mundiais em desaceleração e com ameaças de recessão para 2020. Os sintomas de fim de ciclo apareceram com um aumento global da dívida pública, diminuição de investimento, e alguma sobrecapacidade produtiva. Nem falo da demografia. E o mais importante indicador, o volume de comércio mundial, normalmente nos 5/6% de aumento anual, o dobro do crescimento do PIB mundial, caiu 0,5%, a terceira queda desde 1980. As outras foram em 1981 e 2009. Esta má condição a somar ao confinamento criará provavelmente a pior quebra no produto mundial, desde 1945. A recuperação virá, talvez já no 4.º trimestre o final do 3.º, mas lenta, bastante lenta, talvez a necessitar de seis ou sete anos para recuperar o nível de output de 2019.

E o que têm feito os Bancos Centrais? O mesmo desde a quebra das "dot-com" e a cada crise bolsista ou económica, baixar juros para níveis já sem folga para combater uma crise séria como esta. Ação aumentada ultimamente com a compra maciça de dívida pública e explosão dos seus balanços. Agora chegámos à parte da dívida. Os governos irão aumentar os seus défices, pelos estabilizadores automáticos, mais subsídios de desemprego e menores receitas de impostos, e pelos auxílios de tesouraria às empresas e outras formas de fazer chegar dinheiro às famílias. Ora nós sabemos que a dívida é a redução de despesa no futuro a não ser que se gira um fluxo de rendimento tal que pague o capital e os juros. Ora esta dívida não é de investimento, é uma dívida social, essencial para alimentar pessoas e "tapar buracos" nas empresas, não gera fluxos para a sua liquidação. David Hume dizia em 1752: "Quando o Estado hipoteca os seus rendimentos futuros numa dívida cada vez maior, o país e a sociedade mergulharão numa letargia e num crescimento económico anémico e rastejante." Para o confirmar temos o exemplo do Japão e a lei dos rendimentos crescentes. Quando se aumenta um dos fatores, a dívida, numa função de produção, mantendo os outros constantes, o resultado é sempre menos. Na economia o mais será menos numa relação não linear. Ou aparece a inflação e destrói o valor da dívida ou preparemo-nos para um longo inverno.

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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