Opinião
O estado a que isto chegou
Isto parece uma ópera bufa num país colado com cuspo, governado por alguns dos ministros que chamaram a troika em pré-bancarrota, muitos deles irresponsáveis por falta de assunção de responsabilidades e categoria para gerirem um país.
A FRASE...
"Eu vejo uma alegria semelhante à das primeiras eleições democráticas."
Ministro Eduardo cabrita, TVI, 17 de janeiro de 2021
A ANÁLISE...
Ninguém em consciência pode atribuir ao Governo responsabilidades pelo surto de testes positivos, que nos colocam no topo mundial de infetados por 100.000 habitantes. Países que confinaram, outros que prosseguiram a sua vida normal, estão melhores que nós. Nem podemos culpar as escolas pois estas nas férias de Natal encontravam-se fechadas. Se quisermos procurar responsabilidades políticas, podemos apontar talvez os transportes públicos repletos, especialmente comboios, na desgraça das cativações, com pouco e decrépito material circulante, ou os constantes surtos em lares, incompreensíveis 10 meses após o início da pandemia, quando se sabia alojarem um grupo de maior risco.
Há temas que poderiam ter sido mais bem preparados ou tratados, mas o grosso não é de responsabilidade do Governo, mesmo que este só assuma o bom. Tal como não é nos fogos que assolam Portugal no verão. Ao Governo só podem e devem ser pedidas responsabilidades pela sua preparação e resposta às catástrofes. De Pedrógão já muito foi falado, desta pandemia falar-se-á no fim. Para já corre mal, por impreparação e também cegueira ideológica de não ter os privados a pelo menos tratar os não covid. Se o Estado contrata com os hospitais privados tabelas e condições para os seus funcionários públicos, porque não o fazer para a população em geral? Só em 2020 tivemos menos 1.300.000 consultas e um sem-número de cirurgias e rastreios que poderiam ter salvado vidas, das 8.000 mortes a mais que a covid não explica.
Em menor escala, a ministra diz que a falsificação de currículo foi um lapso, na morte de Ihor Homeniuk, o ministro congratula-se, e na desorganização do voto antecipado, fala da alegria das votações em 1975.
Isto parece uma ópera bufa num país colado com cuspo, governado por alguns dos ministros que chamaram a troika em pré-bancarrota, muitos deles irresponsáveis por falta de assunção de responsabilidades e categoria para gerirem um país. Os familiares e amigos ocupam os lugares do Estado, impreparados e boçais, e à primeira desgraça tudo se desmonta. Um Estado extrator de riqueza que está lá num dia de sol, mas treme num dia de chuva. Dizem com razão que a culpa é dos portugueses. Pois é, foram estes que os elegeram.
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
maovisivel@gmail.com