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20 de Maio de 2020 às 19:15

Um BES II?

E depois, todas estas questões das ajudas às companhias aéreas, não são quando o Estado quiser, segundo o tonitruante ministro, mas quando e como a União Europeia autorizar.

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A FRASE...

 

"O Estado português auxiliará a TAP quando o Estado entender." 

 

Pedro Nuno Santos, Observador, 13 de maio de 2020

A ANÁLISE...

 

Todo este dossier da TAP é bastante confuso, mais político que económico, e ainda por cima gerido por um ministro que trata a iniciativa privada com o carinho e elegância de um rinoceronte. Recordemos que a reversão da privatização da TAP foi um dos emblemas do atual PM em 2015. Não descansou enquanto não retomou o "controlo da TAP para os portugueses". Assumiu mais dívida, mais ações, para ter 50% da companhia. Para quê tanto alarido, mentiras e trapalhadas, se afinal o Estado não controla nada, segundo o que ministro não se cansa de afirmar… E depois, todas estas questões das ajudas às companhias aéreas, não são quando o Estado quiser, segundo o tonitruante ministro, mas quando e como a União Europeia autorizar. E Bruxelas costuma ser mais polida e sensata, não isenta de críticas, mas sem nenhum equivalente a ministro dizendo que se a Europa puser dinheiro em Portugal, tem de mandar.

Sobre a TAP há pouco a referir. Nesta altura que até Buffett se retira do negócio, o Estado é o único que pode querer a TAP. Ou empresta dinheiro, ou entra com capital, ou deixa cair. Emprestar em cima dos mil milhões de dívida é quase perda, e sem controlo da gestão. Se for em convertíveis haveria de se determinar o valor da TAP que parece insolvente, o mesmo se passaria se entrasse com capital, como os alemães fizeram com a Lufthansa, só que já tem 50%. Equivaleria a uma nacionalização. E há ainda a hipótese de deixar a TAP cair e fazer uma nova no dia seguinte com o mesmo pessoal, aviões e rotas. O que fez a Swiss, mas depois criava um problema nos bancos credores para resolver. Trata-se de perder, perder ou perder, dinheiro dos contribuintes. Apesar de tudo esta última é a mais limpa, transparente e provavelmente do agrado do ministro Centeno, que já se referiu à resolução do BES como muito má. A solução hoje para os bancos é bail-in dos credores, com seguro dos depositantes. A TAP é candidata. A Europa dirá. Hoje, a TAP poderia ser um problema da Lufthansa se o Estado tivesse assumido a dívida ou negociado com os bancos credores. Assim, por ser pouco frontal, e pouco claro, atrai apenas aventureiros e arrisca-se a perder muito mais… dos nossos impostos. Um BES II. 

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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