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03 de Setembro de 2013 às 00:01

A realidade para além do Excel

A realidade em Portugal mostra que maiores rácios de dívida pública sobre o PIB estão associados a menor crescimento.

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A FRASE...

 

"Basta recordar que o tal Excel já tinha provocado uma gigantesca partida à escala mundial quando um estudante de doutoramento descobriu que o célebre artigo de Rogoff e Reinhart continha um erro que levava a concluir que um nível elevado de dívida condenava as economias a um crescimento lento."

 

Eduardo Oliveira e Silva, jornal "i", 29 de Agosto de 2013

 

A ANÁLISE...

 

A agregação é um dos graves problemas da decisão económica. Agregam-se dados, retira-se conclusões e decide-se sobre realidades que muitas vezes ficcionais, como se fossem realidades reais. Por isso, o Excel pode pregar partidas, em especial se as decisões, sendo as melhores, se aplicam ao problema errado.

O artigo de Rogoff e Reinhart considerava erradamente dados económicos da Nova Zelândia. Por isso, a dúvida quanto às suas conclusões sobre a relação entre dívida pública e capacidade de crescimento. Porém, ao invés de tentarmos absorver as conclusões globais de dados agregados internacionalmente, melhor seria olharmos para os nossos próprios rácios e, daí, retirar algumas lições.

No artigo, verificamos que em Portugal, desde 1946, quando a dívida pública esteve abaixo dos 30% do PIB (42 anos) a taxa de crescimento foi de 4,5% anuais. Quando o rácio de dívida esteve entre 30% e 60%, o crescimento foi de 3,5% ao ano (9 anos). Quando o rácio esteve entre 60% e 90% do PIB, o crescimento foi de 1,9% ao ano (7 anos). E quando, nos últimos anos, o rácio de dívida ultrapassou os 90%, a taxa de crescimento média é negativa.

Nova Zelândia à parte, a realidade em Portugal, mostra que maiores rácios de dívida pública sobre o PIB estão associados a menor crescimento. Talvez valha a pena olharmos mais para a especificidade dos elementos do nosso país e entender que o valor dos estudos académicos só é proveitoso, quando somos capazes de os entender na realidade que nos envolve.

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com



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