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18 de Maio de 2015 às 18:40

A contabilidade incómoda das eleições britânicas

A participação do Reino Unido na "Europa" foi sempre cética e instrumental, pelo que a sua eventual saída não ofende a coerência da postura britânica sobre este tema, até porque não devemos esquecer que para um inglês típico a Europa é a massa continental que fica além da Mancha.

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A FRASE...

 

"Cameron's remarkable victory should be viewed as an opportunity to launch a renewed and reformed EU in the next two years."

 

Carl Bildt, Project Syndicate, 9 de maio de 2015

 

A ANÁLISE...

 

Muito se tem escrito na imprensa portuguesa sobre o surpreendente resultado dos Conservadores nas eleições britânicas e sobre as implicações que esse desfecho tem na forma como os eleitores, na "hora da verdade", avaliam as políticas ditas de austeridade. Menos atenção mereceu a - igualmente inesperada - votação do partido antieuropeísta UKIP, que com 12,6%, foi a terceira força mais votada, apesar de só ter elegido um único deputado. Significa isto que o arco eurocético - Tories e UKIP - somou 50% dos votos expressos, o que implica a formação de uma constelação política favorável à ejeção do Reino Unido da União Europeia (UE), ainda mais numa circunstância em que a indefinição da situação grega só exacerba a desconfiança de muitos setores da opinião pública britânica quanto à viabilidade do euro e, em sentido mais lato, do próprio projeto de construção europeia. Neste contexto, a vitória do "sim" num eventual referendo de saída do Reino Unido da UE é um cenário cada vez mais provável.

 

A participação do Reino Unido na "Europa" foi sempre cética e instrumental, pelo que a sua eventual saída não ofende a coerência da postura britânica sobre este tema, até porque não devemos esquecer que para um inglês típico a Europa é a massa continental que fica além da Mancha. Acresce que, por vicissitudes várias, ao longo da sua história, a Grã-Bretanha raramente dependeu da Europa para se afirmar no mundo, algo que dificilmente mudará, a menos que a UE comece a simplificar-se e a democratizar-se.

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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